Folhas e frutos

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MACAPÁ (AP) – Por Dom Pedro José Conti

Reflexão para o 33º Domingo do Tempo Comum| 19 de Novembro de 2023 – Ano “A” 

Disse um velho sábio: “Quem tem palavras, mas não tem obras, é como uma árvore que tem folhas, mas não tem frutos. Contudo, como uma árvore com frutos tem muitas folhas, assim aquele que cumpre boas obras tem também palavras boas”.

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No 33º Domingo do Tempo Comum, continuamos a leitura do capítulo 25 do evangelho de Mateus e encontramos a parábola dos talentos, uma das mais conhecidas e comentadas. Lendo-a somos tentados de identificar cada personagem com alguém e os próprios talentos com qualidades e aptidões que, muitas vezes, reconhecemos em nós e nas outras pessoas. Podemos fazer isso e até imaginar que Jesus esteja nos convidando a multiplicar os talentos com uma visão interesseira de negócios lucrativos. Afinal, este patrão-Senhor chama de bons e fiéis os servos que dobraram o patrimônio recebido. Todas as parábolas correm este risco: ser lidas com o nosso olhar atual, preocupados em manter os nossos pontos de vista. Sem dúvida, a parábola é uma exortação à laboriosidade e não à preguiça e à acomodação. Contudo, a questão que deve chamar mais a nossa atenção é o relacionamento entre o patrão-Senhor e os servos e como eles o reconhecem de maneira tão diferente. O “homem” que vai viajar entrega os seus bens aos empregados e, dessa forma, manifesta uma extrema confiança neles. Distribui os seus bens “de acordo com a capacidade” de cada um (capacidade, não merecimentos) e não lhes dá nenhuma indicação sobre como devem usar aqueles bens. Por isso é bastante evidente que os três empregados agem livremente, mas, ao mesmo tempo, conforme o que pensam do patrão. Os dois primeiros entendem que foram agraciados com aqueles talentos e se sentem na obrigação de multiplicá-los, reconhecendo assim o valor do dom recebido com total gratuidade e confiança do patrão. Quando o Senhor volta, eles apresentam o resultado do seu trabalho com a mesma atitude de generosidade, não pretendem e nem reclamam recompensa. É o próprio patrão-Senhor que os elogia e diz que foram fiéis “na administração de tão pouco”, merecem mais confiança ainda. A relação de gratuidade e colaboração entre eles e o patrão continua na participação da alegria daquele Senhor.

Bem diferente é o pensamento do terceiro empregado que é de medo do patrão. Para ele o Senhor é “um homem severo” que colhe onde não plantou e ceifa onde não semeou (Mt 25,24-25). Esse último empregado não acolheu o talento como um dom, nem pensou na confiança do patrão que queria tê-lo, de fato, como parceiro na plantação e na colheita. Simplesmente ele não fez nada e pensou que o patrão, por sua vez, recebendo o talento inteiro de volta, não podia lhe cobrar mais nada. Assim, o servo “mau e preguiçoso” e ainda “inútil”, não participou da alegria do seu Senhor porque, afinal, não o reconheceu como alguém que lhe dava a maior confiança e a maior liberdade para corresponder com criatividade àquela imerecida gratuidade.

Não preciso juntar mais explicações. Talvez a parábola dos talentos seja, afinal, a parábola da nossa vida, de tudo aquilo que somos e temos e que recebemos da bondade de Deus. De maneira especial, como cristãos, quanto e quantas vezes continuamos a pedir a Deus mais coisas, mais bens, mais solução de problemas que nós criamos, como se nunca tivéssemos recebido nada, como se Deus nunca nos tivesse entregue a vida e o planeta no qual passamos os poucos dias da nossa existência. Quantos talentos desperdiçamos, usamos de forma egoísta e interesseira ou deixamos enterrados por não querer entender a única “cobrança” que o Deus-Pai que Jesus nos fez conhecer nos solicita. Justamente aquela de usar de tantos bens recebidos com tanta variedade, bens materiais e espirituais, para multiplicar a bondade, a solidariedade, a partilha e assim convocar todas as pessoas a participar da alegria do Senhor que nos quer todos irmãos porque todos somos seus filhos amados. Menos palavras inúteis e mais ações então.  Ou mais palavras boas que sirvam para entender, amar e agradecer o único Pai de todos.

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