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Reflexão para o 3° domingo do Tempo Comum| 22 de Janeiro 2023 – Ano “A” 
Por Dom Pedro José Conti

Um dia, um jovem partiu em busca de ovos de aves marinhas na superfície de falésias que se projetavam sobre o oceano. Ele já tinha apanhado um bom número, quando viu um magnifico ninho alguns metros abaixo. Previdente, ele levava uma corda. Prudente, amarra-a a uma sólida ponta rochosa. Esportivo, desce com facilidade. Mas para atingi-la, deve fazer o pêndulo de alguns metros na horizontal, o que faz com precisão, apoiando os dois pés na plataforma acessível. De repente, a corda lhe escapa das mãos e se põe a balançar ao longo da parede. O abismo é profundo e ele hesita a se lançar para recuperar a corda. Contudo, ela é a sua única salvação. Se não pegar, ele estará condenado a morrer preso àquela falésia perdida. A cada oscilação, a distância aumenta. É preciso decidir, antes que a corda pare longe dele. Reunindo toda a sua energia, o jovem se lança no vazio e pega a corda. Salvo!

No Terceiro Domingo do Tempo Comum, voltamos a ler o evangelho de Mateus que nos acompanhará ao longo deste ano litúrgico. Estamos no começo da vida pública de Jesus. Tudo tem início longe de Jerusalém, no norte do pais, na Galileia onde transitavam pessoas de outras religiões. Era chamada a “Galileia dos pagãos” (Mt 4,15). A respeito do “centro”, da capital e do Templo, aquela região era, evidentemente a periferia também no sentido religioso. Ao saber que João tinha sido preso, Jesus não quis o confronto com as autoridades. Começou de longe, no meio do povo humilde. No entanto os embates com os escribas, os mestres da Lei e os fariseu não demoraram a chegar. A pregação de Jesus nos é apresentada com poucas palavras: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo”. São as mesmas usada por João Batista (Mt 3,2) quando convidava o povo a praticar o seu batismo de penitência. De fato, Jesus retoma a mensagem que o tempo está curto, que a espera chegou ao fim, porque o “Reino dos Céus” já está presente. Agora, o “novo” é a própria pessoa de Jesus, o seu jeito de falar, agir, chamar a segui-lo. Assim, o evangelista Mateus nos apresenta o chamado dos primeiros discípulos. São pescadores, uma categoria de pessoas consideradas grosseiras. Contudo, a eles é prometido que se tornarão “pescadores de homens”. Seguindo o Mestre, aprenderão aos poucos a conhecê-lo e entenderão o sentido daquela promessa. Para os peixes, ser pescados significa morte. Mas se o mar é interpretado como o mundo perigoso, na escuridão do afastamento da luz e do amor de Deus, para os seres humanos, ser “pescados” significa vida, salvação, luz.

O evangelista Mateus nos diz que aqueles primeiros chamados deixaram “imediatamente” as redes e os barcos. Será que não duvidaram? Ou será a força da palavra de Jesus a ajudá-los a tomar uma decisão tão corajosa? Já conhecemos também as dificuldades que os apóstolos encontraram no seguimento do Senhor. Apesar do medo, o grupo não desistiu e ficaram reunidos até chegar o dia de Pentecostes. Hoje os chamados a seguir Jesus somos nós, cada um com a sua “vocação” e as suas condições de vida. É sempre bom refletir, em consciência, se de fato tomamos alguma decisão a respeito da nossa fé ou se continuamos a achar que ser cristãos é, afinal, uma questão de família, de costume, quase uma obrigação social. Fomos batizados crianças, recebemos os sacramentos que nos mandaram receber, mas, compreendemos e acolhemos as propostas de Jesus? Para alguns uma mudança mais radical de vida pode ser mesmo deixar muitas coisas e abraçar com decisão a causa do Reino. Para todos, porém, é sobretudo a nossa maneira de pensar, os valores que motivam a nossa vida que precisamos avaliar. Continuamos a nadar no mar do mundo do consumo, do bem-estar egoísta, da indiferença ou nos deixamos “pescar” para a Vida Nova de Jesus Cristo? Como para o jovem das falésias na beira do oceano, a corda da salvação balança a nossa frente. Tomamos coragem, pulamos, agarramo-nos a Jesus. Vamos segui-lo mais de perto. Quantas surpresas nos aguardam. Como àqueles primeiros e aos muitos que vieram depois.

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