“É o que está dentro dele que o faz subir”

“É o que está dentro dele que o faz subir”

“É o que está dentro dele que o faz subir”

“É o que está dentro dele que o faz subir”

“É o que está dentro dele que o faz subir”

“É o que está dentro dele que o faz subir”

“É o que está dentro dele que o faz subir”

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Reflexão para o 8º Domingo do Tempo Comum | 26 FEV 2022 – Ano “C” 
| MACAPÁ (AP) | Por Dom Pedro José Conti

Uma criança bem pretinha observava o homem dos balões num parque de diversões. O homem era um bom vendedor, pois soltou um balão vermelho e assim atraiu a atenção de uma multidão de crianças, possíveis compradores dos balões dele. Depois soltou um balão azul. Em seguida, um balão amarelo e, finalmente, um branco. Todos foram subindo ao céu até desaparecer. A criança pretinha ficou bastante tempo olhando o balão preto, aí perguntou ao homem: 

– Moço, se o senhor soltasse o balão preto, ele subiria tanto quanto os outros? O vendedor de balões deu  um sorriso compreensivo. Partiu o cordão que prendia o balão preto e, enquanto ele se elevava nos ares, disse: 

– Não é a cor, filho. É o que está dentro dele que o faz subir.

O trecho do evangelho de Lucas deste 8º Domingo do Tempo Comum é um conjunto de palavras de Jesus que poderíamos chamar de “conselhos” para crescer no discipulado. Por que esses ensinamentos para corrigir os defeitos e não outros? A comunidade onde o evangelista elaborou a escrita do seu evangelho não era uma comunidade imaginária ou fictícia. Era feita de pessoas que buscavam melhorar no caminho da fé e do seguimento de Jesus, mas, evidentemente, carregavam juntas as suas limitações e os seus pecados. Cabe a nós acolher “hoje” essas palavras e reconhecer que também temos ainda muito a aprender.

Acredito que podemos chamar a primeira dificuldade de “empolgação”. Às vezes o discípulo – que afinal somos todos nós – se acha já na condição de ensinar até ao Mestre. Não precisa mais dele, porque se considera “maior” do que o próprio Mestre. O orgulho de alguns progressos na vida espiritual conduz a duas consequências desastrosas: pensar  não precisar mais aprender e querer corrigir os defeitos dos irmãos, esquecendo os próprios pecados. Jesus chama esses “discípulos” de “hipócritas”, porque enxergam os pequenos deslizes dos outros e não querem reconhecer os próprios enormes defeitos. Está claro: pelo simples fato de sempre criticar os outros, esses cristãos se colocam como modelos dos demais e, assim, deixam de olhar para si mesmos. Veem só o que querem, os defeitos dos outros, mas são cegos para os próprios erros. Julgam os demais e não aceitam correções. Se nos reconhecemos, um pouco ou muito, nesses discípulos cheios de soberba, ainda podemos nos converter.

Os outros conselhos de Jesus nos ajudam a entender que o esforço para sermos cristãos melhores não têm como finalidade a nossa perfeição pessoal, justamente para não correr o perigo de nos tornarmos juízes dos demais, mas devemos crescer nas virtudes cristãs e no amor fraterno para “produzir frutos bons”. Desta vez, está em jogo nada menos que o anúncio da Boa Notícia de Jesus. Evidentemente, de uma árvore boa se espera frutos agradáveis e gostosos. Uma comunidade enviada em missão no mundo para anunciar o amor a Deus e ao próximo não pode ser dividida, briguenta e cheia de conflitos. “Espinhos” não atraem ninguém. É uma questão pessoal e comunitária, ao mesmo tempo, porque o nosso testemunho de vida cristã sempre tem consequências na família e na cidade onde vivemos. Podemos ser sinais de esperança e de alegria, podemos semear confiança e amizade ou espalhar o contrário: rixas, sofrimentos, indiferença e tristeza. 

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