Artigo de dom Pedro: “Por que tantas imagens?”

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Reflexão em preparação para o Círio de Nazaré 2020

Foto: Cartaz do Círio 2020

| Por dom Pedro José Conti – Bispo de Macapá

Está chegando o dia do Círio de Nossa Senhora de Nazaré. Muitas das formas costumeiras de celebrar o Círio estão sendo mudadas, devido à situação ainda perigosa da pandemia que assola o mundo inteiro, sem poupar o Brasil, Amapá incluso. Não teremos a grande procissão. Nada de multidões. Em compensação, optamos por ter mais e mais “imagens” de Nossa Senhora de Nazaré ou de outras “Marias”, com diferentes nomes, expostas em repartições, lojas, comércios e casas de família. Muitos prepararam pequenos enfeites para que os devotos, em algum momento do dia, pudessem rezar juntos e manifestar assim a sua fé. Em lugar de ter uma multidão atrás da berlinda com uma única imagem da Santa, pensamos em ter quatro imagens dela visitando as paróquias dos Vicariatos de Macapá. Dissemos: “se o povo não pode ir à Santa, a Santa vai ao povo!”.

Com isso, pretendemos não só não deixar esfriar o nosso carinho com Maria, a mãe do nosso Salvador Jesus Cristo, mas permitir uma possível e adequada “descentralização” do Círio. Esperamos que o nosso povo católico entenda, não se envergonhe da sua fé e participe com entusiasmo e alegria dos momentos de oração que todas as paróquias, conforme as suas programações e possibilidades, irão lhe proporcionar.

Cabem, talvez, aqui, umas breves considerações sobre o uso das “imagens” pela nossa Igreja. Em matéria de “religião”, ninguém é obrigado a gostar e concordar com aquilo que outros fazem, na maioria das vezes porque, sobretudo, desconhecemos aquilo que os demais acreditam e praticam. Repetidamente escutamos dizer, às vezes com visível deboche, que os católicos adoram as imagens e vão atrás delas. Não adianta responder que não é verdade e nem procurar explicar o desfecho doutrinal dado pela Igreja católica a esta questão bem antiga. Direi simplesmente que, desde a encarnação do Filho de Deus, nós acreditamos que o próprio Deus se tornou visível e “palpável” em carne humana (1João 1,1-4).

Portanto a primeira imagem que nós guardamos com respeito e devoção é a do Crucificado. A maioria das cruzes das nossa Igrejas são “crucifixos”, apresentam o corpo martirizado de Jesus. “Fostes comprados por alto preço!” ensina São Paulo em 1 Cor 7,23. Não é bom separar a cruz daquele que nela foi “crucificado”. Com efeito, somente assim a cruz vergonhosa (Dt 21,23) se tornou instrumento de salvação (Jo 19,37: “Olharão para aquele a quem transpassaram”). Por consequência as imagens que a Igreja católica usa publicamente não são “bezerros de ouro” (Dt 27,15) para serem adorados. Nada disso. São a simples lembrança de pessoas, Santos, Santas e Mártires, que procuraram seguir Jesus mais de perto e que a Igreja propõe como modelos de vida cristã.

Evidentemente Nossa Senhora, Maria de tantos nomes, ocupa um lugar privilegiado na multidão dos Santos e Santas, conhecidos e desconhecidos, porque somente ela teve a missão de acolher e gerar o Verbo que se fez carne, quando se completou o tempo previsto (Gl 4,4).

Peço aos católicos de não ter receio ou vergonha para colocar uma singela e simples imagem de Maria em lugar de destaque nestes dias. Será um sinal de gratidão pelo seu sim generoso, pela sua pureza exemplar, pela sua silenciosa e humilde doação.

Nós também queremos ser uma das gerações que cantam a glória de Maria, “Bem-aventurada aquela que acreditou, porque se cumprirá o que foi dito por parte do Senhor” (Lc 1,45).  Não tenhamos medo de manifestar a nossa devoção à Maria. Não a uma imagem, mas àquela Santa mulher que aos pés da cruz recebeu o discípulo amado como filho (Jo 19,25-27), aquela que perseverou em oração com os apóstolos (At 1,14) na espera do dia de Pentecostes. Maria, que nestes dias chamamos de Nossa Senhora de Nazaré, intercede por nós, como só ela sabe com o seu coração de mãe. Todos temos muito para aprender com ela porque nunca podemos perder a confiança em Deus Pai, no seu Filho Jesus e no Divino Espírito Santo que “ora conosco” (Rm 8,26) quando o fazemos com fé, amor e…inteligência. Sem confusões. Sabemos em quem acreditamos (2 Tim 1,12).            

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