Setenta semanas de jejum

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Reflexão para o Domingo de Ramos e Paixão do Senhor| 28 MAR 2021 – Ano “B”

1ª Leitura Is 50,4-7 | Salmo: 21| 2ª Leitura: Fl 2,6-11| Evangelho: Mc 15,1-39 – Forma breve

| MACAPÁ (AP) | Por Dom Pedro José Conti

Contavam por aí que um sábio tinha jejuado por setenta semanas seguidas, tomando alimento somente uma vez por semana. Ele perguntou a Deus o sentido de algumas palavras da Escritura que não entendia, mas Deus não lhe respondeu. Então ele disse entre si: 

– Fiz um grande esforço, mas não tive nenhum progresso. Por isso, irei perguntar ao meu irmão que me ajude na explicação. Saiu de casa, fechou a porta e começou a viagem. Um anjo do Senhor foi enviado para ele e lhe disse:

 – Setenta semanas de jejum não te aproximaram mais de Deus, mas agora que tu és bastante humilde para pedir ajuda ao teu irmão, eis que eu fui enviado para te revelar o sentido das Escrituras. O anjo explicou para o sábio o que queria saber e, depois, foi embora.

Para nós, passaram somente as cinco semanas da Quaresma. Não sei se jejuamos de verdade e, sobretudo, se nos sentimos mais próximos de Deus. O sentido do jejum é mesmo dar mais valor a certas coisas e menos a outras. Têm guloseimas que dão prazer ao paladar, mas têm muitas outras que dão satisfação ao nosso orgulho e a nossa soberba. Deixar de lado a nossa autossuficiência talvez seja o jejum mais difícil. Convido, portanto, a viver a semana na qual faremos memória dos momentos mais importantes da nossa fé cristã, a Semana Santa, com humildade, mais na oração e na contemplação que na busca de razões humanas para acontecimentos tão acima da nossa compreensão. Iniciamos esta semana com o Domingo de Ramos.

Jesus entra em Jerusalém cavalgando um jumentinho, como o rei manso e humilde anunciado pelo profeta Zacarias (Zc 9,9). É um sinal que revela o entusiasmo para o novo Reino, da justiça e da paz, mas os tempos são outros e as sombras do complô contra o “bendito” que “vem em nome do Senhor”, como o povo o aclama, não tardam a aparecer. Por isso, a Liturgia nos oferece a leitura da Paixão do Senhor, neste ano, conforme o evangelista Marcos. No início desse Evangelho, está escrito que a “Boa Notícia” era a respeito de Jesus Cristo, Filho de Deus. Poucas palavras, em si, mas elas sintetizam muito mais que o assunto do livro. Esta “verdade” será a descoberta maravilhosa que irão fazer aqueles que continuarem acompanhando a narração. Assim, ao final da Paixão segundo Marcos, depois de ter visto como Jesus tinha morrido, escutaremos o centurião romano usar as mesmas palavras: “Na verdade, este homem era Filho de Deus!”. Como é possível que um pagão vendo aquela morte vergonhosa na cruz, aquela solidão (“Todos o abandonaram e fugiram”, Mc 14,50), consiga fazer uma tal profissão de fé a respeito daquele malfeitor que ele mesmo tinha crucificado? Não sei.

O que vale é que na frente do Crucificado ninguém consegue ficar indiferente. Se pensamos que ele mereceu o suplício vamos engrossar o coro dos zombadores. Com efeito, têm muitas formas de difamar Jesus, também por parte daqueles que se declaram muito religiosos, como os sumos sacerdotes e os anciãos que o condenaram.  Para fazer isso basta escolher as palavras dele que confirmam as nossas ideias e silenciar aquelas que nos incomodam. Quantas vezes preferimos adaptar os ensinamentos de Jesus em lugar de nos converter e mudar a nossa vida! Ao contrário, se o reconhecemos inocente e injustiçado, algo novo deveria acontecer com a nossa consciência e, quem sabe, reavivar a nossa fé. A cruz só se explica se acreditarmos num Deus solidário que se põe junto a todos os sofredores e excluídos, a todos os condenados porque erraram ou, simplesmente, porque não se calaram e não compactuaram com quem chega a usar até o nome de Deus para tirar vantagem. Com a cruz, Jesus, escolheu estar do lado dos perdedores, dos pequenos e dos fracos e não do lado dos poderosos que condenam, desmandam e oprimem. “Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10,45). “Por isso Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome” (Fl 2,9). Alegres, cantaremos a vitória de Jesus sobre a morte na noite de Páscoa.                  

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