E você enxerga até onde?

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E você enxerga até onde?

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Quatro meninos moravam no mesmo prédio e brincavam juntos. Cada um resolveu contar as suas vantagens. O primeiro disse:

– Eu moro no primeiro andar e enxergo até o mato que está lá adiante, nos fundos do edifício. O segundo afirmou:

 – Eu moro no segundo andar e enxergo por cima daquele mato e vejo a lagoa que está bem mais longe. O terceiro sentenciou:

 – Pois eu moro no terceiro andar e enxergo mais longe de todos: por cima do mato e além da lagoa. Eu vejo lá, no horizonte, o mar.

 Aí os três se viraram para o quarto menino que era o filho do zelador e morava no porão do prédio.

– E você enxerga até onde? – perguntaram. Ele, humilde e retraído, por sua condição social, respondeu aos amiguinhos:

 – Sabe, eu de noite abro a janela, olho para o céu e vejo as estrelas…

No quarto domingo de Páscoa, sempre encontramos uma página do décimo capítulo do evangelho de João, que fala de Jesus Bom Pastor. Também é o domingo no qual a Igreja toda reza pelas vocações. Todas as vocações, mas, de maneira especial, rezamos pelas vocações sacerdotais, religiosas, missionárias, de vida consagrada e de serviços na comunidade. Entendemos que todo chamado é um dom do Senhor e toda resposta generosa também. Neste ano, temos uma motivação a mais para a nossa oração. No próximo mês de outubro, acontecerá o Sínodo dos Bispos, junto ao Papa Francisco, que terá como tema: “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”. Por isso, o Papa já se encontrou com alguns jovens, de tantos lugares do planeta, para escutá-los e entendê-los melhor. Também enviou a todos uma linda mensagem.

O projeto do Reino que Jesus iniciou é sempre o mesmo. Sem a busca constante do amor, da justiça e da paz, a humanidade caminharia rumo ao seu fim. Estaríamos nos destruindo com as nossas próprias mãos, as nossas superinteligências e as mais refinadas tecnologias. Uma morte doce, talvez, mas sempre morte. O desafio, para cada geração, é dar passos para frente nesta busca, levando em conta as novas situações que aparecem ao longo da história. Os jovens têm olhos novos, deveriam enxergar mais longe. Têm energias de sobra, deveriam gastá-las para algo de grande e bonito. Têm um coração novo, podem fazer a diferença com seu grande amor e generosidade. Nem sempre, porém, é assim. Papa Francisco na sua mensagem alerta: “Não podemos descobrir a chamada especial e pessoal que Deus pensou para nós, se ficarmos fechados em nós mesmos, nos nossos hábitos e na apatia de quem desperdiça a sua vida no círculo restrito do próprio eu, perdendo a oportunidade de sonhar em grande e tornar-se protagonista daquela história única e original que Deus quer escrever conosco”.

O primeiro chamado para todos é o de confiar no Bom Pastor. Ele nos conhece e nós também deveríamos conhecê-lo melhor. Todos somos tentados de seguir algum “mercenário”, aventureiro ou interesseiro, que se apresenta maravilhoso e promete o impossível. Só que, na hora da dificuldade, foge e salva a própria pele, não a das ovelhas que nele confiaram. O Bom Pastor não age assim. Ele sempre dá a sua vida para defender e salvar as ovelhas. A ele devemos seguir. Cada um com seu caminho, com sua resposta pessoal ao chamado, apesar de tudo. Assim Papa Francisco conclui a sua mensagem: “O Senhor, continua hoje a chamar para O seguir. Não temos de esperar que sejamos perfeitos para dar como resposta o nosso generoso ‘eis me aqui’, nem assustar-nos com as nossas limitações e pecados, mas acolher a voz do Senhor com coração aberto. Escutá-la, discernir a nossa missão pessoal na Igreja e no mundo e, finalmente, vivê-la no ‘hoje’ que Deus nos concede”.

Rezemos pelas vocações. Na Igreja e na sociedade, precisamos de moças e rapazes corajosos, que enxerguem longe, sonhadores de projetos grandes, sem fronteiras, como o Reino dos Céus. Podemos morar nos porões da história, mas se abrimos a janela do nosso coração, aí, sim, enxergamos as estrelas!

Por : Dom Pedro José Conti – Bispo de Macapá 

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