A festa da separação

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Certa vez, um homem decidiu repudiar a sua mulher, porque não tinha filhos. Apresentou-se ao rabino para ter a aprovação dele. O rabino lhe disse:

– Concordo com o senhor, mas com uma condição: como fizeram uma festa bonita quando vocês se uniram, façam também uma festa quando vocês se separarem.

Assim foi organizada uma grande festa com música, dança, muita comida e bebida. A mulher aproveitou e deu de beber ao marido mais do que ele estava acostumado. Assim, no meio toda aquela exaltação, o marido disse-lhe:

– Minha filha, pode levar da minha casa o que mais gostar e depois volte para a casa de seu pai.

O que fez a mulher? Quando o marido adormeceu, pediu aos serventes de levá-lo, junto com a cama, para a casa do pai. No meio da noite, quando os efeitos do álcool já haviam passado, o homem acordou e percebeu que estava num quarto desconhecido.

– Onde estou, mulher?

– O senhor está na casa do meu pai – respondeu-lhe a mulher.

– E por quê?

– Porque ontem o senhor me disse que podia levar da sua casa o que mais eu gostava. Ora, nada daquele lugar  eu gosto mais do que o senhor, e assim o trouxe!

– O homem ficou tocado por aquelas palavras cheias de humildade e ternura. Deus também viu que o amor entre os dois estava renascendo e, no seu tempo, eles tiveram o filho tão esperado.

O evangelho deste domingo começa com a pergunta dos fariseus a Jesus sobre a permissão que Moisés tinha dado para divorciar-se da própria mulher. Os fariseus queriam conhecer a posição de Jesus sobre o assunto. Já naquele tempo a questão devia ser polêmica e gerar muita discussão. É assim ainda hoje. Para muitos, a chamada indissolubilidade do matrimônio cristão perdeu o sentido e a Igreja católica está ultrapassada quando insiste sobre o assunto. Jesus responde lembrando a dureza do coração humano e propõe a volta ao começo da criação, isto é, ao projeto de Deus sobre o homem e a mulher e, portanto, também sobre a vida conjugal dos dois. A união de amor entre o homem e a mulher dá origem a uma nova situação: uma só carne. “Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe”, diz o evangelho (Mc 10,9).

Na base de tudo está o ser humano, que se realiza na relação com Deus e com os outros. Nem todos os relacionamentos são positivos e construtivos, alguns nos machucam e decepcionam, ao ponto de duvidarmos e desconfiarmos uns dos outros. Também no encontro entre o homem e a mulher pode haver frustrações, mas se na base está um amor sincero e generoso, os dois se entendem, aceitam-se, sonham juntos e desejam estar juntos. O amor verdadeiro somente pode unir as pessoas e uni-las cada vez mais, também se não sempre da mesma forma. Muitas lições são aprendidas ao longo da vida conjugal.

As diversidades enriquecem e completam o que falta; os conflitos ensinam a paciência e a humildade; o tempo que passa revela as coisas essenciais e faz reconhecer as passageiras. A fidelidade não é uma prisão, é o resultado da gratidão ao outro e à outra que doaram as suas vidas. O amor verdadeiro faz crescer as pessoas, estimula as virtudes, revela a dedicação e a generosidade dos dois. O egoísmo mede os esforços e poupa energias, mas o amor torna o sacrifício mais leve e  as lágrimas podem ser de dor, mas nunca de desespero.

Falamos tanto de crise do matrimônio e da família. Muitas são as causas e grandes são os sofrimentos e as infelicidades. Como Igreja, como casais cristãos, porém, precisamos falar e propor mais as alegrias da vida conjugal e familiar. Como sempre, fazem mais barulho uma separação ou um divórcio do que tantos anos de convivência estável, abençoada por Deus e fecunda na sua simplicidade e cotidianidade.

Na casa do marido, aquela mulher não gostava de nenhuma “coisa”, gostava mesmo era dele. Qual teria sido o final se ela tivesse levado a televisão, o carro, o cartão de crédito, os móveis…?

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