Mas eles não falharão

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MACAPÁ (AP) – Por Dom Pedro José Conti

Reflexão para a Solenidade da Ascensão do Senhor | 12 de Maio de 2024 – Ano “B” 

Eis uma história totalmente imaginária. Quando Jesus ressuscitado chegou ao céu, houve uma grande festa marcada por cantos e muita alegria. Finalmente, os anjos tiveram a oportunidade de falar com Jesus. Um deles observou:

– Agora sim, o Reino de Deus foi implantado na terra! Para a surpresa de todos, Jesus respondeu:

– O Reino apenas começou. Resta agora a tarefa de vivenciá-lo. O anjo quis saber:

 – E quem irá cumpri-la? Jesus respondeu:

 – Deixei lá um punhado de homens e mulheres que levarão essa missão até o fim.

– Mas, e se eles não assumirem a tarefa com seriedade? Perguntou o anjo preocupado.

 – Nesse caso, o Reino não acontecerá – disse Jesus. Mas, para espantar os temores, o Mestre completou com segurança:

 – Mas eles não falharão!

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Neste domingo, celebramos a solenidade da Ascensão do Senhor. Os evangelhos e, neste caso, também os Atos dos Apóstolos, não apresentam tanto raciocínios ou questões teológicas, usam a forma da narração para nos ajudar a entender e acreditar. Cabe a nós perceber a mensagem. Nós, cristãos, acreditamos que com a morte de Jesus na cruz encerrou o tempo da humanidade do Deus Filho que Deus Pai tinha enviado. Cumprida a sua missão, Jesus ressuscitado participa agora da glória do céu. Não será mais possível, portanto, encontrá-lo nesta nossa realidade material, passageira e mortal, como naqueles anos que passou neste mundo. 

Essa é a primeira consideração que devemos lembrar para entender o que o evangelho de Marcos (16,19) e os Atos dos Apóstolos (1,9) querem nos dizer com as palavras “Jesus foi levado ao céu, e sentou-se à direita de Deus”. Antes desse momento, seja no evangelho, seja nos Atos, Jesus envia os discípulos “pelo mundo inteiro” ou “até os confins da terra”. Isto é, ele quer que a obra por ele iniciada continue envolvendo, a partir de então, todos aqueles e aquelas que acreditarem nele e no valor da sua proposta. Os discípulos têm uma “boa notícia” que devem anunciar e testemunhar: a vitória do amor e da vida sobre o mal e a morte. 

A difusão e a construção do Reino de Deus, iniciado com a própria pessoa de Jesus, terá que passar pelo caminho da cruz para chegar à sua plena realização. Por isso, o evangelho de Marcos, deste domingo, fala de ameaças de “demônios”, serpentes e venenos mortais. Mas os demônios serão expulsos, os venenos não causarão mal, a saúde voltará com a imposição das mãos e com novas línguas serão alcançados novos povos. Será uma verdadeira e grande missão, ao longo dos tempos e no meio da humanidade, até a volta do Senhor (At 1,11), um término a nós desconhecido. 

O último versículo do evangelho de Marcos, lido neste domingo, conclui: “Os discípulos então saíram e pregaram por toda parte. O Senhor os ajudava e confirmava sua palavra por meio dos sinais que a acompanhavam” (Mc 16,20).

A Ascensão é a festa da confiança do Senhor Jesus nos seus seguidores. Ele nos conhece muito bem. Sabe das nossas fraquezas, desânimos, altos e baixos. Contudo nos entregou a continuidade do Reino que é de Deus, sem dúvida alguma, mas também se torna “nosso”, porque somos chamados a colaborar na difusão e na construção dele. (cfr. Oração Eucarística V). 

Parece uma tarefa superior às nossas forças. No entanto, as parábolas do Reino que encontramos nos evangelhos nos falam de algo muitas vezes simples ou escondido que cresce e é descoberto no seu grande e misterioso valor. Deus fez o mesmo com a criação; a entregou em nossas mãos para que cuidássemos dela e pudesse ser um jardim de paz e fraternidade. 

Estamos muito longe de realizar isso, mas cada dia somos obrigados a reconhecer que o único caminho para a sobrevivência da vida neste planeta exige esforço, boa vontade, união de todos. Digamos que Deus fez o necessário, criou até os jardineiros inteligentes para que se envolvessem na bondade e na beleza da obra. Igualmente para o Reino de Deus. Jesus começou, mas não pode impor a nossa colaboração, porque respeita a nossa liberdade. Somos ainda só um “punhado” de homens e mulheres? Vamos falhar? Não. Ainda temos muitos sinais da sua presença. 

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