Diretores Executivos

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MACAPÁ (AP) – Por Dom Pedro José Conti

Reflexão para o 25º Domingo do Tempo Comum| 24 de setembro de 2023 – Ano “A” 

Eis alguns resultados de pesquisas feitas pela imprensa em 2022. Os 150 executivos bem mais pagos na Índia receberam um milhão de dólares, em média, no ano passado. Um único executivo indiano ganha, em apenas quatro horas, mais do que um trabalhador médio ganha em um ano. Os 100 Diretores Executivos bem mais pagos dos Estados Unidos ganharam 24 milhões de dólares, em média, em 2022. O trabalhador médio nos EUA teria que trabalhar 413 anos para igualar o que o Executivo bem mais pago ganha em 12 meses. No Brasil, os Diretores Executivos de algumas empresas privadas receberam uma remuneração média mensal de R$ 237.000,00. 

Um trabalhador remunerado pelo salário mínimo precisaria trabalhar 15 anos para ganhar o que, em média, ganha por mês um dirigente dessas empresas privadas. Alguns diretores de empresas privadas receberam um valor mensal correspondente a 60 salários mínimos e os dirigentes delas 810 salários mínimos mensais. Nas empresas estatais pesquisadas, a média das remunerações mensais correspondeu a 56 salários mínimos de 2022, o que equivale a 4,3 anos de um trabalhador remunerado com o salário mínimo.

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Continuando com a leitura do evangelho de Mateus, neste 25º Domingo do Tempo Comum, encontramos a parábola dos trabalhadores da vinha. Jesus compara o Reino dos Céus com um patrão que precisou contratar trabalhadores para a sua vinha. Foi na praça de madrugada e combinou com eles a paga de uma moeda de prata pela diária, conforme o costume da época. De novo, aquele patrão foi atrás de trabalhadores, às nove horas da manhã, depois ao meio dia e às três horas da tarde. A jornada de trabalho era “de sol a sol”. 

No entanto, às cinco horas da tarde, ele foi, de novo, na praça e mandou para a sua vinha outros trabalhadores que ainda não tinham encontrado serviço naquele dia. Pela lei, os trabalhadores eram pagos no final do dia. Todos foram chamados a começar pelos últimos até os primeiros e, surpreendentemente, todos receberam a mesma moeda de prata. Houve reclamação dos que tinham trabalhado o dia inteiro, porque esperavam receber mais. A justificativa do dono da vinha foi que ele estava pagando o que tinha sido combinado, mas foi muito além disso. Ele disse que queria ser bom com todos os trabalhadores. Alguém poderia contestar a sua generosidade?

Uma leitura espiritual desta parábola, tomando a vinha como o próprio Reino de Deus em prol do qual todos somos chamados a trabalhar, nos leva a entender que a recompensa final é relativa no seu valor, porque o mais importante mesmo seria ter colaborado no crescimento do Reino, nem que fosse na última hora. Quem trabalha para o Reino fica feliz que mais “operários” se juntem, e toda hora é boa para chegar. Não vale a pena disputar merecimentos especiais. O “prêmio” é um só para todos: ter parte e lugar no Reino do Senhor. Numa leitura menos espiritual e mais social, a mesma moeda de prata significaria o necessário para que todos aqueles trabalhadores pudessem sustentar as suas famílias, inclusive os que tinham ficado desempregados quase o dia inteiro. 

A bondade do patrão enxerga mais a fome e a precariedade da vida daquele povo que o seu próprio lucro. Uma leitura não exclui a outra, essa é a beleza e o desafio das parábolas que nos obrigam a buscar sempre além. Seja qual for a interpretação da parábola, precisamos reconhecer que as situações escandalosas de desigualdade nas remunerações dos trabalhadores e trabalhadoras escondem profundas injustiças na repartição dos frutos do planeta, do suor e do esforço humano. Vivemos numa sociedade onde os critérios que decidem os “méritos” das pessoas e os seus salários dependem mais da produção, do resultado financeiro para os grandes e os acionistas que das reais necessidade dos trabalhadores e das suas famílias. Fizemos bastantes progressos na defesa dos direitos dos trabalhadores, tem auxílios e aposentadorias, no entanto, para quem acredita na novidade do Reino tem sempre algo a mais. Quantas vezes nós mesmos invejamos os ricos. Seria melhor que fôssemos invejados por sermos bons, como o patrão generoso da vinha.

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