Para formarmos um único corpo (1 Cor 12,13)

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Reflexão para a Solenidade de Pentecostes | 28 de Maio 2023 – Ano “A” 
Por Dom Pedro José Conti

“Toda manhã um piloto militar dos drones sai de casa depois de ter tomado café com a sua família. Se despede e alcança o seu escritório, na Base onde trabalha. Senta na frente dos monitores; os teclados não são muito diferentes daqueles dos videogames que tem em casa. Com um código, dá a partida a um drone que está a 11.000 Km de distância, estacionado num dos aeroportos da zona de guerra. Movendo o seu joystick faz decolar o drone. Depois de alguns minutos de voo, bombardeia um comboio matando vários militares inimigos e, às vezes, alguns civis que, por desgraça, passavam por lá. Depois, com boa habilidade, desvia o drone de dois mísseis e faz aterrizar a sua joia super tecnológica na pista. Saúda os colegas e sai do escritório em tempo para participar dos ensaios de dança da filha. Depois do jantar, sentado no sofá com a esposa, assiste à sua série preferida. A tecnologia elimina algumas distâncias, mas cria muitas outras. Até quando a consciência do nosso piloto vai aguentar?”

Encontrei essa história num jornal. Fiquei triste. Por isso, gostaria de falar novamente sobre a paz que Jesus Ressuscitado doa aos seus amigos e, depois, da unidade também. Na Solenidade de Pentecostes, a Liturgia nos propõe, novamente, uma parte do evangelho que já encontramos no Segundo Domingo de Páscoa. Desta vez, para nos ajudar a entender que a paz e o perdão devem ser os primeiros frutos visíveis da presença do Espírito Santo. A paz e a reconciliação que o Senhor nos trouxe foram “compradas a alto preço” (1 Cor 7,23). Custaram o sangue de Jesus. Não são, portanto, dons de pouco valor, e continuar a construí-las, testemunhá-las e vivenciá-las é algo desafiante e comprometedor. Significa, em poucas palavras, reconhecer as injustiças, os ódios e as divisões para transformar tudo em alegria. Foi essa alegria que inundou os corações dos discípulos, quando viram o Senhor, e continua sendo essa mesma alegria que pode salvar o mundo de um futuro sem compaixão, feito de distanciamentos e insensibilidades tecnológicas e não.

 A missão que Jesus entrega aos discípulos não é individual, exige a colaboração de todos e de todas. A leitura de São Paulo, proclamadas neste dia de Pentecostes, explica muito bem que os dons diferentes que o Espírito Santo distribui são para “caminhar juntos” porque “formamos um único corpo” (1 Cor 12,13). É bonito e confortante saber que “a cada um é dada a manifestação do Espírito” (1 Cor 12,7), no entanto, todos esses dons têm um único e grande objetivo: o “bem comum”. Podemos duvidar que a paz, a reconciliação e a unidade sejam “bens” que devemos espalhar e fazer frutificar? O preço deste compromisso é alto. Começa pela nossa própria fé que somos chamados a partilhar e a celebrar junto com os irmãos. Quantas dificuldades temos e nos acolhermos uns aos outros, justamente, com as nossas diversidades para que elas não sejam motivo de divisão, mas sim de fraternidade.

Falamos tanto de unir as forças, porém, muitas vezes, gostamos do nosso cantinho nas missas, nos grupos, nas pastorais. Uma capela, ou até uma paróquia, podem se tornar um jardim, mas fechado aos demais irmãos e irmãs “de fora”, eternos “visitantes”, que precisam ser apresentados, como se não partilhassem a mesma Fé, a mesma Palavra e a mesma Eucaristia. Caímos naquela autocontemplação que empobrece em lugar de nos enriquecer com a troca de experiências, de projetos e de “bens” – por que não? – colocados à disposição de todos. O encontro e a comunhão não deviam ser uma alegria? Já o santo Papa João XXIII exortava os cristãos das diferentes Igrejas a buscar antes o que nos une, antes de defender o que nos divide. Era a esperança da Unidade dos Cristãos que o fazia falar assim. Não é por acaso que no Brasil rezamos para isso na semana entre Ascensão e Pentecostes. A paz, a reconciliação e a unidade começam em casa e custam o esforço e o sacrifício de todos e todas. Sem dúvida a nossa rotina é muito diferente daquela do piloto dos drones. No entanto, com um clique no computador ou no celular podemos ferir um irmão, não só a 11.000 Km de distância, mas muito mais perto de nós. Pensemos.

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