Eu sou a ressurreição e a vida (Jo 11,25)

Eu sou a ressurreição e a vida (Jo 11,25)

Eu sou a ressurreição e a vida (Jo 11,25)

Eu sou a ressurreição e a vida (Jo 11,25)

Eu sou a ressurreição e a vida (Jo 11,25)

Eu sou a ressurreição e a vida (Jo 11,25)

Eu sou a ressurreição e a vida (Jo 11,25)

Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram
Reflexão para o 5º domingo da Quaresma | 26 de Março 2023 – Ano “A” 
Por Dom Pedro José Conti
Chegamos ao Quinto Domingo da Quaresma e concluímos a nossa reflexão sobre os três evangelhos que marcam os Escrutínios dos catecúmenos, rumo ao Batismo na noite de Páscoa. A página  do evangelho de João proposta é aquela que identificamos como a “ressurreição” de Lázaro. Propriamente não foi uma ressurreição, mas uma reanimação. A “ressurreição” – de Jesus, para nós – é outra coisa. Nem sempre a terminologia ajuda a entender. A reanimação de Lázaro é o último dos sinais apresentados pelo evangelista João – o primeiro foi o das bodas de Caná – antes do sinal, por excelência, que será a paixão, morte e ressurreição de Jesus. Portanto, um sinal que antecipa uma passagem: da morte para a vida. Qual morte? Qual vida? É isso que precisamos entender para chegar à alegria da fé que todos professaremos, renovando as promessas do nosso Batismo, junto aos catecúmenos, durante a Vigília Pascal.
Começamos com o uso das palavras que o evangelista João faz. Avisam a Jesus que o amigo dele, Lázaro, estava doente. Nesse caso, a palavra usada é a da amizade humana, da qual vem a nossa palavra “filantropia”. Logo em seguida, porém, é dito que Jesus era “muito amigo” de Marta, Maria e Lázaro. Desta vez a palavra usada é outra, é aquela que Jesus usa quando fala do amor que é doação, gratuidade total, que não espera recompensa, ou seja, um amor que vai muito além da solidariedade por mais generosa que seja. Jogo de palavras? Não. Aqui está a novidade do relacionamento que liga Jesus a esses “amigos”: aquele amor total que é puro dom. É por esse  caminho que podemos começar a entender de qual ressurreição e de qual vida Jesus fala.
Todo amor humano é grande, valioso e digno de respeito, mas tem um “amor” que é mais do que humano, é participação do amor divino. A nossa morte e a morte de quem amamos interrompe os laços que nos unem. Juramos amor eterno, mas nada neste mundo dura para sempre e,  muitas vezes, já começa misturado com outros interesses como o medo da solidão, a busca de uma vida melhor, o desejo de ter uma família, o nosso bem-estar individual. Cada um de nós carrega essas limitações. No entanto, é possível passar de um amor-amizade a um amor-doação, onde o que vale é mais a felicidade e a alegria dos outros que a nossa. Por isso, Jesus apontou como o maior amor aquele de quem doa até a própria vida para quem ama (Jo 15,13). A comparação é com o grão de trigo que só morrendo produz muitos frutos (Jo 12,24). Foi assim que Jesus nos amou, até o último suspiro da sua vida. A morte, lembramos, não é simplesmente algo biológico. Experimentamos também uma morte que é o não amor, o ódio e toda a negação da vida para os demais e a própria natureza com a qual estamos interligados. Somente quem aprende a amar com a doação-entrega de si mesmo experimenta um novo jeito de viver e participa da “vida plena”, a vida amorosa de Deus, que vai além da morte neste mundo passageiro.
Jesus chora na frente do túmulo de Lázaro,  solidariza-se com a dor de Marta e Maria, com a dor de todos aqueles que se despedem dos seus  entes queridos. No jardim das oliveiras também, Jesus, plenamente humano, passará, na sua agonia, pelo medo do sofrimento e da morte (Lc 22,44). No entanto o amor-doação, na obediência ao Pai, o amor total, falará mais forte e, em reconhecimento a esse amor, o Pai ressuscitará Jesus ao amanhecer do dia de Páscoa. A reanimação de Lázaro se torna, assim, o sinal de algo muito maior e oferecido a todos aqueles e aquelas que decidem começar a viver a “vida nova”, a do amor-doação. Nesse sentido, vamos deixar ecoar a voz forte de Jesus que diz a Lázaro: “Vem para fora!”. O não amor ou o amor egoísta é como um túmulo que nos aprisiona, fecha-nos em nós mesmos e nos nossos interesses. Ainda precisamos de alguém que desate as amarras e nos ponha a caminhar.
Quando o Batismo cristão é um encontro verdadeiro com o Senhor da Vida, algo novo começa a acontecer. A nossa vida é animada pela força e a luz do Divino Espírito Santo, penhor da vida plena, ganhamos ânimo e coragem para testemunhar e praticar um pouco do amor divino-humano oferecido por Jesus, vencedor do mal, do pecado e da morte. Ensina São Paulo: “Ora, a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5).

Mais Artigos