“Elas também”

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Reflexão para V Domingo do Tempo Comum| 7 FEV 2021 – Ano “B”

1ª Leitura Jó 7,1-4.6-7 | Salmo: 146| 2ª Leitura: 1Cor 9,16-19.22-23 | Evangelho: Mc 1,29-39

| MACAPÁ (AP) | Por Dom Pedro José Conti

Um pastor apascentava o seu rebanho. Um senhor passou por aí e o parabenizou pelo rebanho bonito. Começaram a conversar e o homem perguntou:

– Quanta estrada percorrem a cada dia as suas ovelhas? – O pastor respondeu: – Quais? As brancas ou as pretas? – As brancas – disse o outro. – Cerca de seis quilômetros ao dia . E as pretas? – quis saber o visitante. – Elas também – disse o pastor.

De novo o homem perguntou:

– Quantas lã pensa que forneçam as ovelhas brancas? – Cerca de três quilos ao ano – foi a resposta.

– E as pretas? – Insistiu o senhor.

– Elas também – respondeu o pastor. O tal ficou encabulado e perguntou:Posso saber por que o senhor sempre distingue as ovelhas em brancas e pretas?

É simples – explicou o pastor – as brancas são minhas. – Ah! Agora entendi, e as pretas? – perguntou o homem.

– Elas também – concluiu o pastor.

Continuamos com a leitura do evangelho de Marcos. Deixamos Jesus na sinagoga de Cafarnaum, em dia de sábado, onde “ensinava como quem tem autoridade” (Mc 1,22). O ensinamento dele – que o evangelista não relata em detalhes – é mais do que um discurso ou uma explicação. Com efeito, a “boa notícia” é a própria pessoa de Jesus. É com o seu jeito de agir que a “palavra” ensinada e escutada se torna “visível”, ou seja, vivida e praticada. Muito diferente de nós que falamos muito, cobramos dos outros, mas, depois, praticamos pouco ou até o contrário do que pregamos.

Agora o evangelista Marcos quer nos ajudar a descobrir a quem é oferecida esta palavra-ação de Jesus. É para todos e em todos os lugares. Faz-nos entender isso apresentando Jesus curando na casa da sogra de Pedro, depois na frente da casa, na rua, e, por fim, nas “aldeias da redondeza”. A mensagem do “Reino” não tem excluídos ou privilegiados. É para todos os que procuram Jesus. Por isso ele, agora, não está mais na sinagoga, “saiu”. Ele está onde as pessoas vivem, trabalham, amam e sofrem. A casa é o primeiro lugar onde a vida desabrocha. A nossa família nos acolhe, educa-nos, ensina-nos a conviver com os outros. Não estamos sozinhos no mundo. Depois vem os vizinhos, os da nossa rua, do nosso bairro, da nossa comunidade. Desde criança, todos fomos e ainda somos marcados pelas pessoas que encontramos todos os dias, a começar pelos velhos colegas de brincadeiras, da escola, do time da pelada.

As primeiras amizades, os primeiros olhares e suspiros acontecem ali, perto da nossa casa, no quintal dos vizinhos, na alegria de uma festa de aniversário, na correria de uma doença ou na tristeza de uma morte. É ali, por perto da nossa casa, que aprendemos que a vida é feita de relações. Melhor se foram de amizade, acolhida, partilha e cuidado. Como Jesus que, ali, na rua, “curou diversas doenças e expulsou muitos demônios (Mc 1,34). Assim, algo novo acontece: ao redor dele, que faz o bem, “toda a cidade” se reúne. Com simplicidade, o evangelista Marcos nos diz que todos precisamos aprender com Jesus. As nossas cidades poderiam ser lugares de fraternidade, de encontros e não de conflitos; de colaboração e não de disputas.

O Reino do amor, da justiça e da paz deve acontecer na vida das nossas cidades, porque já “está próximo”. Todos precisamos ser “curados” das nossas indiferenças, egoísmos e insensibilidade. Jesus doa do seu tempo e do seu amor. No entanto não se deixa prender naquela rua e naquela cidade, ensina e mostra o caminho, o jeito novo do Reino, mas depois “se levantou e foi rezar num lugar deserto” (Mc 1,35). Com isso, Jesus nos ensina onde estava a fonte da sua força para cumprir a sua missão: no silêncio da intimidade com o Pai, na busca de compreender por onde devia ir e como. A resposta certa veio quando foi procurado e questionado por Simão e seus companheiros. Jesus diz claramente que deve ir e pregar nas demais “aldeias da redondeza…pois foi por isso que eu vim”. Todas elas também precisam escutar e ver “a palavra” agir. Jesus não distingue ovelhas “brancas ou pretas”, obedientes ou desgarradas, cidades da Judeia, da Samaria ou da Galileia. Veio para todos e todas. Jesus não divide, une a todos no seu amor.

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