A tarefa mais difícil

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Reflexão para o XI Domingo do Tempo Comum| 13 JUN 2021 – Ano “B”

1ª Leitura Ez 17,22-24 | Salmo: Sl 91| 2ª Leitura: 2Cor 5,6-10| Evangelho: Mc 4,26-34

| MACAPÁ (AP) | Por Dom Pedro José Conti

Estava acontecendo entre os discípulos uma grande discussão. Queriam saber qual era a tarefa mais difícil de todas: colocar por escrito aquilo que Deus revelava através das Escrituras, compreender o que Deus tinha revelado nas Escrituras ou explicar as Escrituras aos outros depois de tê-las entendido. Quando perguntaram ao mestre o seu parecer ele disse:

 – Conheço uma tarefa mais difícil ainda. 

– Qual é? – perguntaram os discípulos. 

– Mostrar a vocês, cabeças duras, a realidade como ela é.

“De novo, Jesus começou a ensinar” (Mc 4,1), assim se inicia o capitulo 4 de Marcos, do qual são tiradas as duas parábolas que encontramos no evangelho deste domingo. Uma, a da semente que cresce na terra “por si mesma”, a encontramos somente em Marcos, a outra, aquela do grão de mostarda, está também nos evangelhos de Mateus e Lucas.

As parábola foram a maneira de Jesus  explicar, através de comparações, aquela realidade complexa e ao, mesmo tempo, maravilhosa que é o Reino de Deus. Tudo começa com um semeador que espalha a semente. No entanto no tempo em que o semeador “dorme e acorda, noite e dia” (Mc 4,27), a semente vai germinando e crescendo e ele não sabe como isso acontece.

Hoje, nós podemos explicar como advém a transformação da semente em plantinha e depois como esta vai crescendo. Conhecemos os segredos das reações químicas entre os componentes que alimentam as plantas, a força da energia luminosa, a necessidade da água e a sucessão dos demais processos de desenvolvimento delas. Sabemos que a intervenção humana pode acelerar ou modificar algumas condições no crescimento das plantas, mas nada pode mudar a sucessão dos momentos que parecem já estar programados na própria natureza. “Primeiro aparecem as folhas, depois vem a espiga e, por fim, os grãos que enchem a espiga” (Mc4,28), passam os séculos, mas, pelo jeito, esses passos continuam os mesmos.

Essa é a realidade e nós deveríamos ficar encantados e agradecidos com isso. A natureza toda, com as suas regras e os seus ritmos, é uma dádiva maravilhosa que já encontramos quando chegamos neste mundo. Este é o sentido mais importante da parábola: como a natureza, assim o Reino de Deus tem uma força própria que o faz crescer, porque o Reino é, em primeiro lugar, obra e dom de Deus. Isso não significa, de jeito nenhum, que nós cristãos tenhamos que ficar só aguardando, de braços cruzados, as coisas acontecerem.  Jesus nos envia como “sal da terra e luz do mundo”, mas sempre como colaboradores de uma obra extraordinária que é dele e, portanto, vai acontecer mesmo e apesar dos obstáculos que nós, infelizmente, colocamos.

Não é humilhante sermos “colaboradores” da obra de Deus, sobretudo quando somos chamados de “amigos” e não mais de servos ou simples ajudantes que seja (Jo 15,15). Deveríamos ficar felizes  e  agradecidos por tanta confiança e paciência. Para sermos cristãos de verdade, não basta declararmos que temos muita fé, ou insistirmos  num moralismo que só enxerga os erros dos outros. O segredo da alegria e do sofrimento da vida cristã é  nos deixarmos envolver na semeadura e no testemunho dos valores do Reino. Poderemos ver o Reino crescer e se expandir como, também, poderemos ser perseguidos por causa do Filho do Homem (Lc 6,22). O Reino, portanto, será sempre um “dom” que deve ser pedido ( Pai Nosso!) e buscado para que todos os outros bens que Deus quer nos dar “por acréscimo” cheguem até nós (Mt 6,33).

A parábola da semente de mostarda, a menor de todas as sementes da terra, confirma, por contraposição, a grandeza do Reino. Pode parecer pequeno conforme os critérios dos poderosos deste mundo, insignificante talvez, mas crescerá, porque o bem e a vida vencerão o mal e a morte. Que alegria podermos nos abrigar, confiantes, à sombra da árvore frondosa do Reino! No entanto, continuamos com as nossas cabeças duras, porque  julgamos o Reino com as nossas medidas humanas de poder e grandeza,  e esquecemos a “força” invencível, mas escondida e interior, do amor de Deus.   

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