Os irmãos não precisam

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Reflexão para I Domingo da Quaresma| 21 FEV 2021 – Ano “B”

1ª Leitura Gn 9,8-15 | Salmo: 24| 2ª Leitura: 1Pd 3,18-22| Evangelho: Mc 1,12-15

| MACAPÁ (AP) | Por Dom Pedro José Conti

Um nobre muito rico, que ninguém conhecia, chegou ao deserto de Sceti levando ouro consigo. Lá moravam alguns monges. Ele pediu ao responsável daquela comunidade para distribui-lo aos irmãos. Este respondeu:

  • Os irmãos não precisam. Mas o nobre era muito insistente e não ficou satisfeito com a resposta do padre. Então, colocou o ouro numa cesta e a colocou na entrada da Igreja. O padre responsável disse:
  • Qualquer um que precisar, pode pegar um pouco. Mas ninguém mexeu no ouro e nem o guardou. Então o sábio disse ao homem:
  • Deus aceitou a sua oferta. Vá em paz e dê o ouro aos pobres! O rico foi embora cheio de satisfação.

No Primeiro Domingo da Quaresma, sempre encontramos o evangelho das tentações. Mateus e Lucas explicitam mais estas tentações, mas Marcos nos diz, simplesmente, que Jesus ficou no deserto durante quarenta dias “e aí foi tentado por Satanás” (1,13). Depois disso e da prisão de João Batista, ele inicia a sua itinerância na Galileia e o faz “pregando o Evangelho de Deus”. Mais uma vez precisamos buscar a mensagem particular e própria desse evangelista. A primeira impressão é que, afinal, estejamos na frente de uma única grande tentação: a de desistir e se desviar da missão que Jesus era chamado a cumprir. Ele precisava de coragem para vencer o medo de ser preso, como tinha acontecido a João Batista. Depois devia ser fiel ao “Evangelho de Deus” e, por fim, não podia deixar esse compromisso para outra vez, porque o tempo “se completou” (1,14), ou seja, aquele era o momento certo. Refletindo um pouco essas são as tentações de sempre e…de todos os cristãos.

A primeira, aquela de desistir da missão, pode ser motivada pelo medo de enfrentar dificuldades, críticas e oposições. Ou, pela simples razão de não sermos incomodados. Hoje, parece que o engajamento numa causa, mais ainda se religiosa ou pela justiça, sobretudo sem ganhar nada, seja um exagero. Em nome da moderação ou do comodismo somos tentados a ficar quietos, sendo mais espectadores que responsáveis. Espero que ninguém tenha dúvidas de que a primeira vitória do tentador acontece, justamente, quando ele entorpece e confunde a nossa consciência. Talvez consigamos expressar alguma ideia, mas assumir compromisso, estar na linha de frente, seria demais. No entanto, se aceitamos alguma responsabilidade, aparece a segunda tentação: aquela de pregar não “o Evangelho de Deus”, mas algo que seja uma boa notícia para nós, segundo as nossas ideias . Pode ser, sim, que estejamos na frente, mas não para anunciar o que deveríamos, sendo fiéis à Palavra do Senhor. Para isso, é necessário praticar a humildade de escutar sempre de novo o anúncio de Jesus e, mais difícil ainda, fazê-lo em comunidade, na fraternidade, na escuta dos irmãos de caminhada, para não perder ninguém ou, ao contrário, ficar isolados e “correr em vão”. Esse foi o medo de Paulo quando foi até Jerusalém para acertar a sua comunhão com Pedro (Gl 2,2). A terceira tentação é aquela de prometer fazer, planejar os detalhes, preparar as coisas, mas, depois, deixar tudo para outra vez. Ou seja: o tempo do compromisso verdadeiro, de arriscar, de sair em campo aberto, nunca chega. A imaginação nas desculpas é sempre extraordinária, muito menos criativa, é o nosso testemunho apagado. N&at ilde;o precisamos fazer grandes coisas erradas para cairmos nessas tentações, basta, não fazer nada. Basta desistir de anunciar o Evangelho de Deus com a nossa vida lá onde esta acontece, no dia a dia, nos encontros e desencontros com as pessoas.

A Quaresma é um tempo oportuno para avaliar a nossa caminhada, a solidez da nossa fé e do nosso compromisso com Jesus e com a nossa Comunidade-Igreja. A “conversão” é pessoal, mas é também de todos juntos. Divisões e oposições enfraquecem a nossa obra de evangelização. A luz do Evangelho fica escondida atrás dos nossos personalismos. Os irmãos verdadeiros não precisam do ouro, porque tem o tesouro da comunhão e da fraternidade. Unidos o brilho é bem maior. É o brilho de Jesus.

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