Artigo de dom Pedro Conti: Todas as respostas

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Reflexão para o 21° Domingo do Tempo Comum

| Por dom Pedro José Conti – bispo de Macapá

Se Jesus fizesse a cada cristão, ou melhor, a cada batizado, a mesma pergunta que fez aos apóstolos naquele tempo: – E tu, quem dizes que eu sou? – qual seria a nossa resposta? Com certeza a grande maioria de nós responderia imediatamente como Pedro: – Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo! Mas, depois disso, poderia ser que Jesus nos dissesse algo diferente daquilo que disse a Pedro naquele dia. Talvez, diria: – Resposta acertada; mas, meu filho, falta alguma coisa. Tudo o que sabes aprendeste com os homens. Ainda não te foi revelado pelo meu Pai Celeste. E, talvez, nós teríamos que reconhecer: – É verdade, Senhor. Alguém me deu todas as respostas antes que o teu Pai Celeste pudesse falar ao meu coração. Fico admirado contigo, Senhor, porque soubeste aguardar em silêncio na frente de Simão para que fosse teu Pai a falar por primeiro!

No 21º Domingo do Tempo Comum, continuamos a leitura do evangelho de Mateus e encontramos um trecho muito famoso, conhecido como “a confissão de Pedro”. As perguntas de Jesus não foram uma simples pesquisa de opinião ou uma curiosidade sobre as ideias dos seus seguidores. Esta página marca algo novo no evangelho de Mateus: depois disso, Jesus começa a falar abertamente da sua paixão e morte de cruz. Aparentemente é para preparar os discípulos ao escândalo da cruz – como veremos no próximo domingo – na realidade o recado é para nós que já sabemos o desfecho da sua vida terrena. Ainda hoje, continua a ser paradoxal acreditar que o Filho de Deus tenha sofrido tudo aquilo. Se acabamos aceitando a cruz é porque sabemos que depois virá o final feliz da ressurreição. Precisava mesmo que o “Filho de Deus”, ele também Deus, se tornasse um de nós e passasse por tudo aquilo que passou? O que significa e o que representa tudo isso para nós, que afirmamos “acreditar” nele como “nosso” Salvador?

As palavras de Jesus que declarou Simão Pedro “feliz” porque foi o Divino Pai a lhe revelar o “mistério” daquele homem que estava à sua frente questionando-os, lembram-nos que a fé em Deus é muito mais que uma declaração expressa com palavras. Não basta saber as respostas exatas e ter decorado uma profissão de fé para sermos “cristãos”. Aquela que muitos chamam de “religião cristã” não passa de tradições, orações decoradas e devoções. Tudo isso servia quando a sociedade, mais ou menos, se conclamava cristã. Era o suficiente, porque a maioria acompanhava tudo isso.

Hoje, estamos numa sociedade na qual sobrou muito pouco de cristão; usa-se o nome de Deus, mas a “religião” mesmo é aquela do poder, do lucro, dos privilégios e da prosperidade. N&a tilde;o esqueçamos que foram as autoridades religiosas daquele tempo a condenar Jesus. Foi trocado por Barrabás e entregue aos romanos que o crucificaram como um perigoso malfeitor. É este Jesus aí que Pedro declara ser o Messias e o Filho do Deus vivo! Pais, avós, catequistas, comunidades, tantas pessoas de boa vontade nos ensinam todas as respostas sobre os questionamentos da fé, mas isso não basta mais. Temos um monte de informações, mas não sabemos o que fazer com tudo aquilo que aprendemos! Talvez tenhamos muitos conhecimentos, mas isso ainda não é ter fé.

Quando nos parece fácil demais acreditar, talvez estejamos enganando a nós mesmos, satisfeitos com uma ideia de Deus que nos faz sentir bem, em paz, porque este “deus” pensa exatamente como nós. Condena quem nós condenamos e premia quem nos agrada. Seria melhor desconfiar de uma fé que não custa nada e que fica satisfeita com bênçãos e devoções, contanto que tudo funcione dentro do nosso esquema e que não precisamos mudar nada do que pensamos. A fé “verdadeira” nunca é uma resposta decorada. Ela é um questionamento em constante disputa com os ídolos deste mundo, com os nossos ajustes de conduta que nós mesmos ajeitamos. É demais urgente que deixemos que seja Deus Pai a nos ensinar a verdade e o Espírito Santo a nos dar a coragem de acreditar.

A fé “verdadeira” é sempre a descoberta de um novo horizonte, de uma nova meta, que nos desinstala do nosso comodismo, acorda-nos do nosso torpor. Não pode ser uma anestesia a mais, deve abrir nossos olhos e nosso coração, deve nos acordar.

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