Artigo de dom Pedro Conti: A escada da oração

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Reflexão para o XIV Domingo do Tempo Comum

Sermon on the Mount Copenhagen Church Alter Painting

Por Dom Pedro José Conti Bispo de Macapá

Um famoso produtor cinematográfico suscitava a curiosidade de todos, porque tinha o costume de usar as escadarias de serviço do edifício onde trabalhava todo dia e nunca aproveitar do elevador.

Um dia, o pessoal quis saber o porquê dessa escolha. Ele simplesmente respondeu:

  • Seria mais fácil usar o elevador, mas eu prefiro a minha “escada de oração”. Pela manhã, subo a escadaria devagar e, assim, tenho alguns minutos de oração. Peço a Deus que me dê luz para tomar as decisões certas ao longo do dia. Lembro-me dos milhares de pessoas que trabalham nas minhas empresas e os milhões que irão assistir aos nossos filmes. Ao entardecer, desço também a escada para ter tempo de agradecer ao Senhor pela sua ajuda.

Muitos devem ter pensado que era um esforço inútil e uma burrice. Podia rezar em outro lugar e em outro momento. Verdade. No entanto, para aquele senhor, muitas coisas se passavam por sua cabeça subindo e descendo as escadarias. Orar a Deus e preocupar-se com a situação dos demais tornava leve a sua fadiga. Quem age por amor, não sente, digamos, tanto assim, o peso do seu esforço. A certeza de ajudar alguém alegra o coração e multiplica as forças. Ao contrário, quando fazemos as coisas por obrigação, por interesse ou sem nenhuma motivação significativa, tudo fica mais cansativo e buscamos encontrar todas as formas possíveis para aliviar, ou mesmo burlar, os nossos compromissos. Este é, em poucas palavras, o ensinamento do evangelho deste domingo. Jesus fala do “jugo” e do “fardo” dele que, para quem os carrega com o mesmo espírito amoroso, tornam-se “suave” e leve”. Será que acreditamos nisso? Antes, porém, vamos lembrar outras palavras do trecho evangélico deste domingo, no qual Jesus louva ao Pai porque esconde certas “coisas” aos sábios e entendidos e as revela aos pequeninos. Que “coisas” serão essas?

Continuamos com a leitura do evangelho de Mateus. Jesus lamenta a incredulidade das cidades por onde passou. O anúncio do Reino foi acompanhado por sinais. Justamente aqueles que os profetas tinham apontado como distintivos do “messias”. Foi também lembrando esses mesmos sinais que Jesus respondeu à pergunta de João Batista se era ele, Jesus, o esperado ou se deviam aguardar outro. Com todas essas  manifestações, os moradores daquelas cidades não deviam ter reconhecido e acolhido Jesus como o “ Cristo”? Não foi bem assim e nós conhecemos o desfecho da missão de Jesus. Com esta recusa já aparece, no horizonte, a sombra da cruz. Mas será que ninguém mesmo compreendeu a novidade que a própria pessoa de Jesus representava e realizava?

Eis a resposta do evangelho de Mateus: “os pequeninos”! Eles acolheram o profeta da Galileia! Com o título de  “pequeninos”, algumas vezes, é indicado o pequeno grupo dos seguidores de Jesus, mas, neste trecho, quem está do lado oposto são os “sábios e entendidos”, ou seja, todos aqueles que se achavam autorizados a julgar o falar e o agir de Jesus. São os adversários de sempre: fariseus e doutores da Lei. Então, Jesus nos diz, hoje, algo maravilhoso: entender e acolher o Filho – e todas as “coisas” que ele nos trouxe – é dom do Pai que, gratuitamente, as revela a quem ele quer, preferencialmente, aos “pequeninos”, aos simples e aos pobres.

Por sua vez, o Filho, com o seu falar e agir revela o Pai. Mais uma vez, somos convidados a nos esvaziar dos nossos esquemas e preconceitos para pedir ao Pai que torne os nossos corações capazes de acolher Jesus. Nesta altura, podemos entender que têm visões da vida e da sociedade que são pesadas, porque geram disputas, preocupações exageradas, brigas, confusões, “estresse”.

Os “pequeninos” começam a entender que um olhar e um agir mais amorosos e fraternos, consequência do seguimento de Jesus, conseguem tornar a vida mais leve, porque mais rica de sentido e valores. Nas subidas e descidas da vida, o cansaço de “lutar” por amor a Deus e ao próximo sempre será mais leve e gratificante do que gastar a vida atrás dos próprios interesses egoístas e gananciosos.

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