Artigo de dom Pedro Conti: Amar a Igreja

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Reflexão para o Domingo da Solenidade de São Pedro e São Paulo

Por dom Pedro José Conti – bispo de Macapá

A Solenidade de São Pedro e São Paulo é festa de toda a Igreja. Esta Igreja feita de santos e pecadores, cujo rosto muitas vezes nos parece inexoravelmente manchado e outras resplandecente de luz.

Encontrei umas palavras do Papa Paulo VI, agora santo, numa homilia de Pentecostes, quando ainda era arcebispo de Milão, em 1955. Elas chamaram a minha atenção porque ele foi um homem apaixonado pela Igreja e, muitas vezes, ensinou que devemos amá-la como amamos nossa mãe. Mas, naquela homilia, ele resumiu o amor maternal que ela, a Igreja,  tem para conosco debruçando-se sobre qualquer situação humana e o fez com estas palavras: “crianças, nos acolhe; jovens nos exalta; adultos nos bendiz; idosos nos assiste; morrentes nos conforta; defuntos nos lembra; pobres nos prefere; doentes nos cura; pecadores nos alerta; arrependidos nos perdoa; desesperados nos recria”. Se a Igreja está sempre pronta a nos oferecer tudo isso, porque ofendê-la, criticá-la, desprezá-la? Deveríamos agradecer. A nossa “santa” Igreja tem defeitos e sempre precisa de conversão e reforma. Por ser também humana, nunca será perfeita aqui neste mundo. Mas erramos quando pretendemos melhorá-la de longe, de fora. Não tenho dúvida, a Igreja toda será melhor se eu, se cada um de nós, for melhor, mais santo. Por isso, escolhi refletir sobre este assunto na festa de São Pedro e São Paulo, pedras fortes e colunas desta nossa, espero, amada Igreja.

Como qualquer cristão, nenhum dos dois nasceu santo, ambos erraram muito antes de acertar seguir Jesus mais de perto e até o martírio. Pedro deixou tudo para acompanhar o mestre, tinha jeito de líder, dava conselhos a Jesus para que entrasse no esquema de messias que ele, Pedro, sonhava. Possuía uma espada, guardada em caso de necessidade, mas, na hora do medo, bastaram as palavras de uma empregada para fazer-lhe negar o Senhor três vezes. Depois que Jesus olhou para ele, porém, envergonhou-se muito do que havia feito e chorou amargamente a sua traição. Foi um banho regenerador. Daquelas lágrimas nasceu um Pedro renovado, mais humilde, mais amoroso. O dom do Espírito Santo lhe deu a coragem de anunciar a ressurreição do Senhor a todos e de defendê-lo perante o Sinédrio. Seguiu firme até dar a sua vida, mártir, em Roma.

O caminho de Paulo foi diferente, quase o contrário. Começou com muita raiva dos cristãos, queria acabar com eles porque achava que, fazendo isso cumpria a vontade de Deus. Ele nunca escondeu a sua história. Sabia que ainda, muitos anos depois, desconfiavam dele e que os antigos amigos, os judeus, o odiavam, o perseguiam e queriam vê-lo morto. No entanto toda as suas certezas e seguranças ficaram lá, no chão, na estrada de Damasco. Reconheceu a sua cegueira e, quando reabriu os olhos, entendeu que tudo era bem diferente. Aquele Jesus, o crucificado – agora ressuscitado – o chamava para uma missão absolutamente nova: anunciar o Evangelho aos pagãos, justamente àqueles que ele, antes, considerava irremediavelmente perdidos e recusados por Deus. Foi o apóstolo certo porque conhecia a língua deles, as suas cidades e os seus costumes. Em Roma, também, derramou seu sangue.

É bonito, no dia de São Pedro e São Paulo, rezar pelo Santo Padre, Papa Francisco, pelos pastores, pelos animadores, pelos cristãos e cristãs que ainda hoje não podem manifestar livremente a sua fé e correm risco de vida. Precisamos ter um olhar grande, quando avaliamos a nossa Igreja. É bem antiga, vem lá do começo, dos apóstolos. Quantas ações maravilhosas já realizou! Quantas vezes teve que mudar, pedir perdão, curar feridas, buscar novos rumos!

Papa Francisco convocará um Sínodo sobre a “sinodalidade”. Quase para nos lembrar que devemos sempre mais aprender a caminhar juntos, a decidir juntos, a nos sentir parte viva da mesma família. Somos pecadores? – e quem não é? – a Igreja nos acolhe e perdoa.
Achamos-nos tão bons para julgar os irmãos? Partilhamos com eles as nossas virtudes e dons, mas, nunca, nunca, ficamos fora da mãe Igreja. Acabaríamos órfãos por escolha nossa, não por culpa dela.        

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