Artigo de dom Pedro Conti: O que será?

Artigo de dom Pedro Conti: O que será?

Artigo de dom Pedro Conti: O que será?

Artigo de dom Pedro Conti: O que será?

Artigo de dom Pedro Conti: O que será?

Artigo de dom Pedro Conti: O que será?

Artigo de dom Pedro Conti: O que será?

Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram

Por Dom Pedro José Conti – Bispo de Macapá

Os discípulos procuravam a iluminação, mas não sabiam o que era e como consegui-la. Disse o mestre

  • Não se pode consegui-la e nem agarrá-la.

Vendo, porém, o olhar desanimado dos discípulos o mestre continuou:

  • Não fiquem tristes, não é possível também perdê-la. A partir daquele dia, os discípulos estão em busca daquilo que não se pode perder, mas nem agarrar. O que será?
    Parece uma brincadeira, mas não é. Só uma pergunta para despertar a nossa curiosidade e sem a pretensão de saber mais do que os outros. A resposta em si pode ser simples, mas o que tem a ver isso com o domingo de Pentecostes que estamos celebrando? Uma coisa por vez. Talvez o que não podemos agarrar e ao mesmo tempo perder é o amor de Deus. Esse amor sempre será um “dom” oferecido e dado e, portanto, só pode ser reconhecido e acolhido. Esse amor não pode ser perdido, porque Deus nos ama sempre, também quando achamos não o merecer ou que ele se esqueceu de nós.

Agora chegamos ao Divino Espírito Santo. Neste domingo, concluímos o Tempo Pascal e volta para nós, na liturgia, o evangelho de João do anoitecer daquele dia de Páscoa. A leitura dos Atos dos Apóstolos, com o vento e o fogo, é uma grande apresentação com imagens bíblicas da presença e da força de Deus. O importante é perceber o valor e a extraordinariedade do “dom” do Espírito Santo. Por esse “dom” os apóstolos, a Comunidade-Igreja, os cristãos, afinal, são chamados a continuar a missão do próprio Jesus. Será essa, em primeiro lugar, uma grande ação de perdão e reconciliação. O pecado de sempre e que deve ser perdoado, uma vez por todas, é o afastamento de Deus, o não reconhecimento do seu amor e da sua bondade.

Qualquer pecado, na Bíblia, é sempre idolatria: de nós mesmos, de outros, do poder, do dinheiro, de alguma “ideologia” transformada em absoluto. A conversão é difícil porque sempre seremos tentados a ter medo de Deus, a fugir dele, em lugar de nos deixar amar por ele, ou trocá-lo com algo, ou alguém, que nos atrai porque imediatamente visível e, pensamos, compensatório. Não tem como competir. As coisas, os bens, as pessoas estão à nossa frente. Deus parece estar longe, muito acima de nós pobres mortais peregrinos neste mundo, ele todo-poderoso, exigente, cobrador…Melhor nos virar aqui embaixo. Depois… sabe-se lá.

Perdoem a banalidade, mas aqui entra o papel único e “santificador” do Divino Espírito Santo, aquele que Jesus, no evangelho de João, chama de “defensor” – consolador, aquele que nos conduzirá no conhecimento da verdade (Jo 14-15). Por que “defensor”? O Espírito Santo vai nos ajudar a desmascarar os enganos dos que não são “deuses”, mas que se apresentam com todo o brilho possível, com todas as promessas de poder e felicidade. Do outro lado, o Espírito Santo nos ajuda a reconhecer como é o verdadeiro Deus, desfaz as falsas e distorcidas imagens dele e nos conduz a contemplar aquela beleza que só pode ser do único Deus verdadeiro. Aos poucos, nos caminhos da vida, o Espírito Santo abre os nossos olhos e o nosso coração para que, superando os enganos, encontremos a Verdade que, já sabemos, não é um conjunto de doutrinas, mas uma pessoa: Jesus, Caminho, Verdade e Vida. É o Pai que nos atrai para que nos aproximemos de Jesus (Jo 6,44). Ele quer que “ninguém se perca” (Jo 6,39). O Espírito Santo nos faz compreender a Deus como o Amor que nos ama sempre porque é bondoso e misericordioso. Ainda é o Espírito Santo que nos confirma na fé para que digamos, sem medo ou vergonha, que “Jesus é o Senhor” (1Cor 12,3b).

Tudo, portanto, a alegria da fé, do amor, da confiança, do perdão, tudo é “dom” de Deus. Não podemos perder o que nos é oferecido, cabe a nós acolher e agradecer. Que bom que seja assim, porque talvez a “fé” à qual, às vezes, nos agarramos tanto pode ser mais fruto das nossas ideias sobre Deus, do nosso orgulho, das simpatias com santos e santas, que, mesmo, do Divino Espírito Santo. Os “catecúmenos” que eram batizados (e crismados) na noite de Páscoa, depois do batismo eram chamados de “iluminados”. Assim deveríamos ser todos nós. 

Mais Artigos