Artigo de dom Pedro: Só chegam os que fazem o percurso

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Por dom Pedro José Conti

Bispo de Macapá

Um jovem, toda semana, vinha de muito longe participar de um curso de autoconhecimento. Um dia chegou até o professor e disse-lhe:

– Mestre, tenho notado o comportamento de seus alunos. Alguns deles tiveram a vida completamente transformada, outros mudaram em alguma coisa, mas existem muitos – e eu estou entre eles – que nada mudaram. Que explicação o senhor tem para isso?

Depois de olhar serenamente para o rapaz, o professor respondeu:

– Filho, você vem toda semana de longe ouvir-me falar, não é?

– Sim, mestre.

– Você conhece bem o caminho?

– Com certeza.

– Se alguém lhe perguntar como fazer para chegar até a cidade onde você mora, o que você faria?

– Eu explicaria o caminho da melhor forma possível – respondeu o jovem.

– E você acredita que só chegariam com sua explicação ou seria preciso percorrer o caminho?

– É claro que só chegariam os que percorressem o caminho.

Nesse momento, o professor concluiu:

– Assim mesmo são os meus ensinamentos. Eu os ensino da melhor maneira possível. Todos podem ouvi-los atentamente, mas só irão se transformar aqueles que realmente os colocarem em prática. O caminho é ensinado a todos, mas só chegam aqueles que fazem o percurso.

O mestre da historinha não ensinou nada demais ao seu aluno: não basta saber que existe o caminho; para chegar à meta precisa percorrê-lo até o fim. Isso significa enfrentar dificuldades, lutar para superar obstáculos, vencer ou perder desafios e tudo o mais de imprevistos que podem aparecer. Pensamos na nossa vida. Todos estamos a caminho e muitas coisas acontecem, alegres e tristes, banais e marcantes. Sempre existe a possibilidade de assistir à nossa vida como a um filme protagonizado por outros. Se alcançamos alguma meta será pelos empurrões e não porque a buscamos com afinco. Ao contrário, podemos decidir entrar na lida assumindo pessoalmente as nossas responsabilidades. Também se não alcançaremos metas extraordinárias, experimentaremos o entusiasmo da caminhada em lugar do tédio de ver a vida passar.

No domingo anterior, Jesus nos dizia claramente que ele é o caminho, a verdade e a vida. Quem aceita se deixar conduzir por ele pelo caminho encontra também o sentido da vida e aquela luz que desfaz toda escuridão e incerteza. No entanto, devemos reconhecer que andar pelo caminho de Jesus não é nada fácil. Nunca vai ser cômodo ou tranquilo. Pela simples razão que ainda não estamos livres de tentações, quedas e sofrimentos físicos e, também, espirituais.Cada um de nós deve, de certa forma, desbravar a vereda que se abre a sua frente. Estamos sozinhos nesta prova? De jeito nenhum.

No evangelho de João, deste Sexto Domingo da Páscoa, Jesus promete “outro defensor” que o Pai dará porque ele mesmo o pedirá para nós (Jo 14,16). Esse “advogado” de defesa é o Divino Espírito Santo. Depois, Jesus usa uma linguagem ainda mais familiar e carinhosa: “Não vos deixarei órfãos” (Jo 14,18). Ou seja, desamparados, como quem está tristemente sozinho na vida.

Os nossos pais podem não ser perfeitos, mas algo bom sempre doam aos seus filhos. Melhor ainda se, acima de tudo e dos bens materiais, que podem ou não nos oferecer, nos amam assim como nós somos, semelhantes e, ao mesmo tempo, diferentes deles. Nos amam sem condições, queixas ou chantagens. Chegamos, assim, ao assunto central do trecho evangélico deste domingo: por duas vezes Jesus repete que quem o ama “guarda”, acolhe e observa os seus mandamentos.

Jesus não impõe, nos ama e garante nos acompanhar sempre. Somente pede, também, de ser amado. Com efeito, o maior de todos os mandamentos de Jesus é, justamente, o mandamento do amor. Com aquela qualidade especial e exigente que para amar a Deus, que não vemos, temos que amar o irmão que está ao nosso lado (1 Jo 4,20). Para alcançar a meta final do Amor Divino, da Vida plena, temos que saber amar já, por aqui, caminhando, dia após dia. Meta e caminho, então, se confundem? Não. É que o amor é o próprio caminho. Quem não sabe amar não vai acertar a meta porque não quer andar pelo “percurso” certo para chegar lá. 

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