O pastorzinho veio a ser Papa

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Por dom Pedro José Conti

Bispo de Macapá

Um dia, lá pelo ano de 1530, um frade de Áscoli (Itália) perdera o caminho. Encontrando por acaso um pastorzinho, aproximou-se do pequeno e perguntou-lhe:

– Por onde é que se vai a Áscoli?

– Sei, sim, senhor. Caminhemos devagar, a passo dos meus cordeirinhos, e eu o levarei até lá.

Pelo caminho iam conversando. O frade notou que o pequeno era vivo, amável e de boa prosa. Soube que era filho de um trabalhador muito pobre, que não sabia ler e que estava a serviço de um vizinho cuidando das ovelhas dele em troca de comida.

O frade ficou encantado com o rapazinho e o convidou a visitá-lo no convento. Assim, a ida ao convento ficou o passeio preferido do rapaz nos seus dias de folga. Os frades gostaram do desembaraço e da inteligência do pastorzinho e pensaram que era bom colocá-lo para estudar. Em seguida, ele foi admitido na comunidade, estudou mais, foi ordenado padre e chegou a ser professor de teologia.

Confiaram-lhe cargos importantes e se desempenhou tão bem que o Papa o nomeou cardeal. Em 1585, após a morte de Gregório XIII, o antigo pastorzinho saiu eleito Papa com o nome de Sixto V e foi um dos maiores Pontífices.
Uma história de outros tempos para celebrar o Quarto Domingo de Páscoa, domingo no qual sempre encontramos um trecho do capítulo 10 do evangelho de João. Nele, Jesus se apresenta como o Bom Pastor que conduz as suas ovelhas. Essas ovelhas somos todos nós, os cristãos, felizes por segui-lo, porque conhecemos a sua voz. Ou seja, Jesus nos deve ser tão familiar que, antes de prestar atenção às suas palavras já nos dispomos a escutá-lo cheios de confiança.

Neste domingo, rezamos pelas vocações, todas elas, mas de maneira especial pelas vocações ao sacerdócio ministerial na Igreja. Rezamos para que não faltem bons pastores para apascentar o rebanho do Senhor. Com certeza Deus continua a chamar jovens ao seu serviço e esta chamada é profundamente misteriosa e pessoal. No entanto, devemos nos perguntar onde nascem as vocações sacerdotais, religiosas e missionárias. Nas famílias, sem dúvida, mas vamos dizer mais: todas as vocações surgem nas nossas comunidades. Também as vocações ao matrimônio cristão, não vamos esquecer.

Hoje, porém, parece que faltem vocações ao ministério presbiteral. Temos padres envelhecendo e quem irá substituí-los no serviço? Evidentemente nós todos, comunidades/igreja somos responsáveis disso porque muito depende do tipo de comunidades que somos ou queremos ser. Se a primeira preocupação, por exemplo, é a organização, o padre “bom” é o tipo empresário dirigente. Mas a comunidade não é uma empresa. Se queremos muitos “louvores”, o padre “bom” será aquele que distribui bençãos de todo e qualquer jeito. O importante é que não fale de política ou de justiça social. Enfim, se queremos um defensor da doutrina, o padre “bom” será o intelectual que usa palavras difíceis, que fazem efeito, e nos dá a impressão de saber tudo. Esse nos convence que os errados são sempre os outros e nós os “certinhos”, os melhores. E assim por diante. Esse padre “bom” não existe, porque sempre será difícil agradar a todos.

Talvez os jovens de hoje tenham medo das críticas e prefiram não se meter em confusões. Ou, por causa de tantas cobranças feitas aos padres se achem incapazes desta missão. Claro que tem “medos”, prudências e incertezas saudáveis, por isso, é preciso se preparar bem antes de serem ordenados padres, porque cada um deve ter consciência das próprias limitações e dificuldades. No entanto o que Jesus pede é que quem é presbiteral seja, em primeiro lugar, um “pastor”, não outras coisas. O “pastor” das ovelhas “caminha à sua frente e as ovelhas o seguem porque conhecem a sua voz”. O padre-pastor caminha com a sua comunidade e a comunidade “conhece” bem o seu pastor. Ele tem qualidades e defeitos, é humano, sente cansaço e tristeza, como todos. Não é um mero funcionário que trabalha para cumprir um horário. É feliz por sua missão e quer que todos, também, sejam felizes de seguir o Senhor. Juntos com ele, sem perder ninguém.

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