Artigo de dom Pedro Conti: O conselho

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Dom Pedro José Conti
Bispo de Macapá

Um marido foi visitar um santo eremita para pedir algum conselho, a respeito da difícil convivência com a esposa. O eremita escutou com benevolência todas as queixas do homem, depois deu o seguinte conselho: “Irmão, os defeitos da mulher, ou se corrigem ou se suportam. Quem os corrige, melhora a esposa, quem os suporta melhora a si mesmo!”

Neste domingo e no próximo, continuamos a leitura do quinto capítulo do evangelho de Mateus. Nele, Jesus é apresentado como alguém que, pela própria autoridade, faz a releitura dos mandamentos da lei dada por Moisés.

A cada assunto se repetem as palavras: “Ouvistes o que foi dito…”, “Eu, porém, vos digo”. É, justamente este “eu” que deve chamar a nossa atenção. É ele, Jesus, que fala e nos diz claramente que não veio para “abolir” a lei e os profetas, mas, ao contrário para dar-lhes pleno cumprimento (Mt 5,17). Já ficamos, espero, curiosos: não era a lei o sinal e o compromisso da Aliança entre Deus e o povo escolhido? O que faltava à lei? Devia continuar a ser praticada e ensinada (Mt 5,19), no entanto, Jesus põe como condição para entrar no reino de Deus uma justiça maio” do que a dos fariseus e dos mestres da lei.

Nós já sabemos a resposta. Não basta cumprir os preceitos da lei ao pé da letra, precisa ter a coragem de reconhecer com qual ânimo e com qual coração fazemos isso. A Deus não interessam tanto pessoas obedientes só no mínimo necessário; ele quer amigos sinceros que, alegres e livremente, construam relações de paz, bondade, partilha, amor para com ele e com o próximo. Ou seja, segundo as palavras de Jesus, o Pai quer “filhos” cujo coração bata em comunhão com o dele, sempre bondoso e misericordioso para com todos, bons e maus, justos e injustos (Mt 5,45). Pensando bem, tudo isso é uma verdadeira viravolta ou revolução, se preferem. Os cristãos devem obedecer à única lei do amor que nos torna livres das amarras do egoísmo e das negociações de quem faz as coisas – o bem – somente se tiver alguma vantagem em troca.

As propostas de Jesus são de uma atualidade impressionante. Vivemos um tempo de violência, exercida, muitas vezes, em nome da segurança e de direitos, alguns honestos, mas outros negados ou roubados de irmãos e irmãs mais fracos e pobres. É mais fácil se encolerizar que buscar entendimento e reconciliação.

Acontece nas nossas famílias. Em nome da felicidade individual, jogam-se fora as promessas, as juras de amor, o futuro dos filhos e de quem – o cônjuge – partilhou anos e anos de alegrias e dificuldades, numa verdadeira comunhão de vida. Adultério é palavra pesada, mais fácil são a indiferença, o descaso ou a acomodação, as “saidinhas” e situações de fachada. Para que o casamento não se torne uma triste e inútil prisão, o amor deve ser alimentado, renovado, reavivado sempre, com coragem e abnegação. O mais difícil, talvez, seja se deixar moldar pelo outro ou pela outra, corrigir os autoritarismos, desmascarar o machismo e o feminismo, acreditar no diálogo e desistir da pressa de mudar os outros, antes de mudar a nós mesmos.

Enfim, o evangelho fala de “Não jurar o falso”. Em época de fake-news, a coisa mais fácil, hoje, é espalhar notícias falsas ou de origem duvidosa ou desconhecida. Sobretudo quando uma mensagem nos parece “importante”, porque escandalosa ou tocante, logo a multiplicamos. Depois, fica muito difícil voltar atrás e reconhecer a mentira e o uso do sofrimento alheio por parte de pessoas inescrupulosas.

A honestidade das pessoas ficou manchada para sempre e o ditado popular: “onde tem fumaça, tem fogo” gera suspeitas e desconfiança. Não gostaríamos que isso acontecesse conosco, e por que ajudamos para que aconteça com os outros? Também espalhar notícias dizendo que foi, me perdoe, Nossa Senhora, ela mesmo, Maria a falar é, no pouco dizer, ousado ou até desrespeitoso. Quem garante que foi Maria mesmo que disse aquilo? Nossa Senhora pode ameaçar pragas para os seus filhos? Com certeza, ela nos exorta a crer mais, rezar mais e a sermos mais bondosos, a não ter medo e a “fazer” sempre “tudo” o que Jesus nos disser (Jo 2,5).

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