Artigo de dom Pedro Conti – Se o jovem soubesse e o velho pudesse!

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Dom Pedro José Conti
Bispo de Macapá

Entre tantas coisas bonitas que o Papa Francisco escreveu na Exortação Apostólica “Cristo vive”, após o Sínodo sobre a Juventude, ocorrido em outubro de 2018, ele cita um ditado que soa assim: “Se o jovem soubesse e o velho pudesse, não haveria coisa que não se fizesse” (ChV 191). Gostei muito disso e já o repeti muitas vezes em palestras e pregações. Lembrei-me do ditado ao refletir sobre o evangelho do primeiro domingo de fevereiro deste ano. Por cair no dia 2 do mês, a festa da Apresentação do Senhor prevalece sobre a liturgia do Quarto Domingo do Tempo Comum.

Passaram-se exatamente 40 dias do Natal e o evangelho de Lucas nos apresenta Maria e José subindo a Jerusalém para “consagrar” o menino Jesus ao Senhor. Lá encontram dois idosos, Simeão e Ana que, ao tomar a criança nos braços, dizem coisas extraordinárias dele e mais alguma palavra para a mãe Maria. Temos, assim, alguém muito velho e alguém muito novo. Mas não só pessoas. Temos a obediência a uma Lei antiga, que está sendo cumprida rigorosamente, e uma profecia anunciando o novo que começou a acontecer. Não precisamos saber se alguém estava lá filmando ou gravando. O que interessa é a relação entre as velhas promessas do Antigo Testamento e o cumprimento delas, tão novo ao ponto de superá-las e fazer chegar até nós os seus frutos e as suas bênçãos. Se ninguém tivesse esperado nada, as palavras de Simeão e aquelas não escritas de Ana teriam sido incompreensíveis. Para poder acreditar que, com aquela criança, algo novo começava a acontecer, precisava ter mantido viva a memória das promessas de Deus ao seu povo e a esperança de vê-las realizadas, se não em sua plenitude, ao menos em seu começo. Aquele Menino não será só “glória de Israel”, será “luz das nações”. Também será um “sinal de contradição”, porque a luz não pode existir junto à escuridão e o amor misericordioso de Deus não admite exclusões, privilégios, condenações sumárias.

Para simplificar mais um pouco: o mandamento do amor que Jesus nos deixou era “velho”, porque amar a Deus e amar ao próximo já estava lá nas Escrituras. Os antigos já sabiam que aquele era o rumo e o sentido da vida. Faltava, porém, acertar o caminho, ter a quem seguir sem titubear, sem olhar para trás, sem medo. Os velhos Simeão e Ana declaram que com aquele Menino começam a realizar-se as esperanças de libertação de muitos corações. Simeão diz que agora pode “descansar”, porque viu o novo começando. O velho não tem ciúme do novo; está feliz porque será aquele novo, ali presente, a realizar as promessas de Deus. O “novo” – Jesus – dirá que veio para levar ao cumprimento o projeto, por séculos anunciado, do Reino da justiça, do amor e da paz. Parece mesmo que os velhos Simeão e Ana digam a Jesus: “Coragem, nós fizemos a nossa parte, agora é a sua vez. Nós continuaremos rezando para que nunca desanime”. Pelos evangelhos, sabemos que Jesus tinha certa consciência de uma missão a cumprir, algo para o qual o Pai o tinha enviado. Faz muito bem aos jovens ouvir dos mais adultos palavras de encorajamento, como faz bem aos mais idosos ver que os seus sonhos e ideais continuam a valer, que ainda fazem brilhar os olhos dos mais jovens como brilharam os deles e delas no seu tempo. Conseguir unir a sabedoria dos antigos com a garra, a força e a criatividade dos jovens é algo maravilhoso. Parece que tudo se tornará possível, que desta vez a humanidade vencerá o ódio e as divisões, velhos inimigos da paz e da fraternidade. Por isso, as metas da vida não podem ser mesquinhas, egoístas ou só materiais. Os anos enfraquecem as forças dos idosos, mas não as esperanças. Para os jovens não desanimar na primeira dificuldade, eles precisam escutar mais os adultos, aprender com os erros e os acertos deles. Os mais maduros precisam confiar mais nos jovens, abrir espaços e caminhos, aceitar que os mesmos projetos possam se realizar de formas e com meios diferentes. A história, também da salvação, é mestra de vida. Mas não se repete. Só vai para frente no tempo que passa. Só para melhor, se caminharem juntos, jovens e anciãos.

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