Artigo de Natal: Deus nos espera em Belém

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Dom Pedro José Conti

Bispo de Macapá

São estas as palavras do refrão de um canto de Frei Fabreti. No tempo do Advento somos convidados a “aguardar” a chegada do Salvador. É tempo de preparação e de espera. Maior e mais importante é o evento, mais esmerados devem ser os preparativos. Quem soube aproveitar de um pouco de silêncio e de reflexão e preparou num cantinho de sua casa um pequeno Presépio, com alegria, poderá colocar na manjedoura o Menino Deus. Cada família poderá rezar, cantar e agradecer. Natal é a oportunidade que temos de renovar o nosso compromisso de acolher novamente o Senhor em nossa vida. Todos somos contagiados pela atmosfera do Natal, nos sentimos importantes: Deus veio ao nosso encontro. Os amigos e parentes se lembram de nós e a troca de votos de um Feliz Natal manifesta o nosso desejo de uma convivência melhor. É bonito. É o “mágico” Natal, como diz a propaganda. Mais uma vez, porém, se não prestamos atenção, no centro de tanta animação e correria estamos nós e esta sociedade que construímos, com suas luzes e sombras.

A memória do nascimento de Jesus pode ser, afinal, somente a ocasião para festejarmos a nós mesmos e os passos dados ao longo do ano que termina. A “magia” passa e tudo vai recomeçar de novo. Igual. Se Deus não entrou para valer em nossa vida na espera do Advento e na vinda dele no Natal, mais ainda ele corre o perigo de ficar de fora também no Ano Novo. “Pois não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2,7). A história se repete. Ainda bem que Deus tem muita “paciência” conosco. Ele sabe nos esperar.

A novidade do Natal é esta: quem espera não somos mais nós, é ele mesmo o nosso Deus feito criança. Os pastores vão a Belém; os Magos chegam de longe para encontrar “o rei que nasceu”. Até os inimigos o procuram e, com certeza, não para adorá-lo. A espera da humanidade se tornou busca daquele que “existindo em forma divina, não considerou um privilégio ser igual a Deus, mas esvaziou-se, assumindo a forma de servo e tornando-se semelhante ao ser humano” (Fl 2,6-7).

No Natal, Jesus nos espera em Belém. Como criança, alguém pequeno e frágil, precisando de amparo e cuidados amorosos. Quem aguardava um Deus arrasador, que esmagaria os adversários, para organizar um reino de parte, ficou desiludido, frustrado. Na Páscoa, Jesus nos espera no Calvário, entre dois malfeitores. Quem zombava dele não o viu descer da cruz. Somente na manhã radiante do “primeiro dia da semana” o túmulo vazio revelou a vitória dele sobre o mal e a morte. Desde quando Deus perguntou a Adão: “Onde estás?” (Gn 3,9), o homem se esconde, tem medo de Deus. Mas como é possível ter medo de uma criança? Como é possível ter medo de um condenado a morte? Adão se escondeu. Hoje a fuga pode ter outro nome. Se chama indiferença e é sempre uma manifestação de desumanidade que nos envergonha. Deveríamos ter carinho e compaixão com os pequenos e os sofredores. Deus continua a nos esperar em Belém, no Calvário e no Cenáculo, porque, apesar de tudo, continuamos a ser filhos amados. Porque Deus é como o pai que esperou tanto até, de longe, avistar seu filho que finalmente voltava.

Neste Natal deveríamos ter medo das aparências que enganam, da superficialidade que não deixa lembranças, do orgulho que nos impede de agradecer por tudo aquilo que tivemos e que não cultivamos, não construímos e, sobretudo, talvez não merecíamos. Recebemos o amor da nossa família, o respeito de quem nos admira, o sorriso simples de uma criança a nos abraçar ou de um pobre que estende a mão. Neste Natal, vamos nós ao encontro do Senhor. Para agradecer por tudo. Pela vida e pela fé. Para lhe pedir perdão se nos esquecemos dele. “Deus nos espera em Belém”, somente ele pode preencher os vazios da nossa vida, porque ele não doa objetos, por valiosos que sejam, ele, sempre, doa a si mesmo. Não tem presente maior. Feliz Natal para todos!

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