Artigo de Dom Pedro: “As novas diretrizes”

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As novas Diretrizes

Dom Pedro José Conti
Bispo de Macapá

Nos próximos dias, teremos, em nossa Diocese, algumas reuniões com os padres e com o Conselho Diocesano de Pastoral. O assunto principal de estudo serão as novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE) para os próximos quatro anos (2019-2023). As Diretrizes são fruto de um longo trabalho de uma equipe de bispos, teólogos e pastoralistas. Depois de ser revisadas, mais e mais vezes, são aprovadas pela Assembleia dos bispos que, todo ano se reúne em Aparecida. “Diretrizes” não são ordens ou obrigações, são o que a palavra diz: orientações e pistas. Caberá, pois, a cada Igreja local adaptar as propostas à própria realidade, levando em conta as grandes diversidades regionais deste imenso Brasil. Ou seja: as prioridades, as iniciativas práticas e as atividades pastorais, a serem realizadas, serão decisões de cada Diocese ou Prelazia.

Nós também teremos, no mês de novembro, a nossa Assembleia Diocesana. Nessa ocasião, como foi feito também no passado, tomaremos, em conjunto, as decisões mais apropriadas para o bom caminho da evangelização em nossa Diocese. No entanto acho importante partilhar, com quem estiver interessado, as linhas principais das novas Diretrizes. Tudo isso porque acredito que, com mais pessoas pensando e rezando, fica mais claro o caminho a percorrer. Não só. Confio naquilo que a Igreja Católica chama de “senso dos fiéis”, ou seja, o “faro” bom do Povo de Deus no seu conjunto. Não adiantariam as ideias brilhantes de alguns ou as ordens autoritárias do Papa e dos bispos se faltassem a disposição e a colaboração de todos os batizados. A Igreja, antes de ser uma organização, com serviços e responsabilidades diferentes entre os seus membros, deve ser e oferecer uma experiência verdadeira de comunidade fraterna e solidária.

Dito isso, já posso apresentar a primeira e principal “novidade” das Diretrizes. Somos convidados a falar e a entender, cada vez mais, a nossa Igreja como um conjunto de “comunidades eclesiais missionárias”. Desde o início, o Evangelho de Jesus Cristo se espalhou através das viagens missionárias dos apóstolos, que constituíam e deixavam nas vilas e cidades onde chegavam, pequenas comunidades que, não tendo ainda templos, encontravam-se nas casas. Mais tarde, a Igreja cresceu, espalhou-se pelo mundo, construiu, e ainda constrói, santuários, basílicas e catedrais. Contudo precisa reconhecer que, na maioria das vezes, a participação dos católicos nas Missas aos Domingos, numa igreja paroquial, é anônima, reduzindo-se assim ao simples comprimento de uma obrigação com relações humanos fracas e conhecimentos superficiais da fé e dos irmãos. Todos nós bem sabemos: o que mantém unidas as famílias, e as pessoas, não são simplesmente os laços de sangue ou uma pertença meramente territorial. O que vale, mesmo, o que nos faz sentir necessidade do outro, são os vínculos de afeto, amizade e colaboração. Ninguém sente falta de quem nem conhece! Nós todos nos realizamos e nos sentimos felizes quando conseguimos construir relacionamentos mais humanos, de confiança, partilha e solidariedade. Enfim: nos sentimos em nossa casa! Ser e formar “comunidade” faz parte da nossa própria fé, porque ninguém acredita sozinho, e o nosso Deus nos ama, sim, um por um, mas também como seu Povo escolhido e, por sua vez, enviado.

Assim, chego ao segundo ponto importante das Novas Diretrizes. As “comunidades eclesiais” não podem ser grupos fechados em si mesmas. Se tornariam “clubes” ou “elites”, percebendo-se, infelizmente, como melhores ou separadas dos demais habitantes desta imensa cidade, que é o nosso planeta. Devem ser comunidades eclesiais “missionárias”, ou seja, comprometidas e felizes de anunciar e testemunhar a alegria do evangelho a todos, os de perto e os de longe. Onde, o longe, não é mais somente geográfico, como, por muito tempo foi entendida a missão, mas é humano. São todos aqueles e aquelas que, por alguma razão, não conhecem Jesus Cristo, perderam o rumo e o sentido da vida ou estão às margens, nas “periferias”, de uma sociedade que exclui os pobres e os pequenos, os preferidos do Senhor. Comunhão e missão sempre andam juntas.

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