A estrela verde

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Artigo dominical

06/01/2019

A estrela verde

Dom Pedro José Conti,

Bispo de Macapá

Certa vez, milhões de estrelas procuraram o Senhor, o Deus do universo, e lhe disseram:

– Senhor Deus, queremos dar uma volta na terra para estar junto às pessoas.

– Assim será feito – respondeu Deus – mas conservarei vocês todas pequeninas, como os homens lhes veem no céu, e cada uma com a sua cor: branca, lilás, dourada, vermelha, azul…

Naquela noite houve uma linda chuva de estrelas sobre a terra. Algumas ficaram em cima das torres das igrejas, outras passearam pelos campos, outras se misturaram entre as crianças e a terra ficou maravilhosamente iluminada. Porém, passado algum tempo, as estrelas resolveram voltar para o céu e deixaram a terra escura e triste. Disseram a Deus:

– Não foi possível permanecer na Terra. Lá existe muita miséria, fome, violência guerra, maldade, doença…

– Entendo – respondeu Deus – o vosso lugar é aqui no céu, aqui tudo é perfeito, eterno, harmonioso. Na terra, as coisas ainda são imperfeitas, é o lugar onde as pessoas erram, morrem… Mas, já estão todas aqui? Deus contou as estrelas e viu que uma faltava.

– É a estrela verde, a única desta cor, a do sentimento da esperança – disseram as demais – ela resolveu ficar por lá entre as pessoas.

– Mas onde ela foi se meter? Todas olharam para a terra e viram que estrela verde já não estava mais sozinha. A terra estava novamente iluminada, porque havia uma pequena estrela verde em cada pessoa.

Uma estorinha imaginária de estrelas e de esperança para o domingo da Epifania. Conhecemos bem a página do evangelho de Mateus que nos fala de sábios vindo do Oriente em busca do “rei que nasceu”. Uma misteriosa estrela os guia e, depois de muitas incertezas e mentiras, encontram “o menino com Maria, sua mãe”. Muito alegres o adoram e oferecem os seus presentes: ouro, incenso e mirra. Depois disso, por sua vez, enganam Herodes e voltam por outro caminho. Essa página do evangelho é “boa notícia”, não um relato para crônicas ou filmes. Em primeiro lugar, tudo é “caminho”, movimento, encontros e desencontros. Estamos no começo de um novo ano civil e nos primeiros momentos, também, do ano litúrgico. A vida de todos nós é “caminho”. Para onde vamos? Por quem nos deixamos conduzir? Em quem confiamos? De uma man eira ou de outra, conscientemente ou não, todos respondemos a essas perguntas no nosso dia a dia. Administramos o nosso tempo; decidimos o que vale mais e o que vale menos; quem queremos encontrar e quem queremos evitar. Sorrimos para alguns e viramos o rosto para outros. Sentimos alegria, quando encontramos certas pessoas, e raiva quando encontramos outras. “Adoramos” certas coisas e suportamos outras. No entanto, o caminho da vida continua, o tempo vai passando e o desafio aperta: já decidimos em quem acreditar e confiar ou deixamos sempre tudo para depois, na espera de novidades surpreendentes que não virão? Todos precisamos de luz para acertar o caminho da vida. Mas não vamos confundir. “Estrelas” humanas são passageiras. Quem quer ser luz de si mesmo, se apaga, muitas vezes, antes ainda de brilhar. “Ilusão” é fogo, mas de artifício. Se espalha e faz barulho, mas nada mais. A estrela dos Magos para sobre a casa onde estava o Menino-Deus. Mateus, o evangelista, nos propõe Jesus como meta da busca humana, luz que alegra os corações, alguém que abre “outro caminho”. É o caminho sempre novo do amor de Deus, do seu reino de paz e justiça. No entanto, cabe a nós “caminhar”, ou seja, abrir os caminhos da história humana, seguindo a luz do bem e da verdade que Jesus nos ensinou. Isso custa, é arriscado, incomoda, exige mudanças, sobretudo pede a firme esperança que algo melhor pode e deve acontecer. Entendemos que a meta é grande demais, mas é feita de pequenos passos e esses já são os sinais certos que o novo é possível e que já está acontecendo. A luz da estrela, que é Jesus, não será desligada junto às árvores de Natal, porque é de sempre e para sempre. Ele é meta e caminho ao mesmo tempo, experimentamos luz e penumbra juntas, mas nunca mais só escuridão. Se deixamos de caminhar, de seguir a Jesus, é porque nos falta a luz da esperança. Verde mesmo? Não sei. O importante é que nunca nos falte, junto com a fé e a caridade.

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