Os pecados serão perdoados

Os pecados serão perdoados

Os pecados serão perdoados

Os pecados serão perdoados

Os pecados serão perdoados

Os pecados serão perdoados

Os pecados serão perdoados

Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram

Por dom Pedro José Conti, bispo de Macapá

Após uma grande assembleia, uma delegação de demônios foi ter com Deus para apresentar-lhe uma gravíssima reclamação.

– Veja, Senhor – iniciou o porta-voz – nós, antigamente cometemos um único pecado e fomos condenados a sofrer eternamente no inferno. Olhamos para a terra e vemos os homens cometerem milhares de pecados. Nós tentamos e eles facilmente nos obedecem. É moleza. Contudo, se eles dão um pequeno sinal de arrependimento, são perdoados, não uma, mas milhares de vezes. Nós erramos uma vez e fomos condenados. Eles o fazem tantas vezes e se salvam. Onde está a justiça?

– Deus respondeu: É verdade, Perdoo e perdoarei milhares de vezes. Vocês foram condenados, porque nunca pediram perdão e nem deram sinal de arrependimento. Seria suficiente reconhecer que fizeram o mal, arrependerem-se e seriam perdoados sem demora. De fato, os homens me ofendem muito. Eles pecam, mas se arrependem. Recorrem ao meu coração e eu jamais poderei negar o perdão a quem se arrepende. Os mensageiros do inferno não quiseram mais conversa. Saíram enraivados e foram explicar aos seus colegas o que Deus lhes tinha dito. Continuaram e intensificaram as suas artimanhas para afastar os homens da misericórdia do Pai, mas alguns dizem que formaram uma equipe para estudar a negociação do arrependimento. Quem sabe?

A celebração do domingo de Pentecoste, cinquenta dias após a Páscoa, acompanha o livro dos Atos dos Apóstolos. A forte ventania e o fogo, a superação do medo e a coragem dos apóstolos de saírem para anunciar a ressurreição de Jesus, sinalizam o dom do Espírito Santo. Para o evangelista João, desde quando Jesus morreu na cruz, ele “entregou o espírito” e ao anoitecer do dia de Páscoa, o dia da Ressurreição, soprou sobre eles e disse: “Recebam o Espírito Santo”. Logo em seguida, encontramos as palavras: “A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos” (Jo 20,23). Surge a pergunta: qual a ligação entre o dom do Espírito Santo e o perdão dos pecados? É bom entender isso porque está em jogo o sentido do dom do Espírito Santo e a própria missão da Igreja, animada pelo mesmo Espírito até a volta do Senhor Jesus no fim dos tempos.

Vou dizer logo que por “pecado” entendo tudo aquilo que contraria o projeto do Reino de Deus. Nesse sentido, temos os pecados facilmente reconhecíveis, aqueles que destroem a vida e a dignidade das pessoas, as escravizam e afastam do amor de Deus e dos irmãos. Não precisa, porém, sermos declaradamente adversários de Deus; é suficiente excluí-lo da nossa vida e colocar em primeiro lugar a nós mesmos, os nossos projetos, o nosso orgulho. Muitas vezes, reconhecer essa indiferença é mais difícil do que admitir erros e maldades. Nos arrependermos de não ter feito nada é mais complicado que lamentar as consequências do mal praticado. O dom do Espírito Santo quer nos ajudar a enxergar e a não praticar o mal, mas, muito mais, a nos tornarmos “santos”, ou seja, cristãos que praticam o bem, vivem o mandamento do amor, gastam a vida a serviço do Reino de Deus. O fogo não queima somente, ele também aquece e ilumina.

Todos nós, batizados e crismados, continuamos pecadores, ainda estamos a caminho da santidade. Caímos, manchamos a veste branca do nosso batismo. No entanto, apesar dos pecados e das falhas, não desistimos de levantar e continuar na missão de testemunhar a beleza e a grandeza do amor de Deus para com todos. O perdão dos pecados, a prática do sacramento da Reconciliação, é para isso: não ficar caídos, nunca perder a esperança de poder ser melhores. No nosso batismo unimos a nossa vida à vida daquele que venceu o mal e a morte: Jesus, o Filho. Mas também à vida do Pai e do Espírito Santo. Desistir de recomeçar, desistir de pedir perdão, seria como dizer que Jesus morreu na cruz por nada, que nada mudou, que ainda é o mal que domina o mundo e a morte tem a última palavra. Talvez o demônio ainda acredite nisso. Nós cristãos não mais.

Mais Artigos