Tomé perdeu o orgulho, mas ganhou a fé

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Um rei sentindo a necessidade de preparar sua sucessão, chamou os três filhos. A cada um entregou um pacote com sementes e avisou que partiria para uma viagem que duraria dois anos. Disse-lhes: “Quando eu regressar, gostaria que vocês me devolvessem as sementes. Aquele que cuidar melhor delas, será meu sucessor”. E viajou. O primeiro filho procurou um cofre de alta segurança e lá depositou as sementes. O segundo pensou que, se as guardasse, poderiam morrer sufocadas ou secar. Por isso, foi à feira da cidade, vendeu-as e guardou o dinheiro com o intuito de comprar sementes mais novas na volta do pai. Finalmente, o terceiro filho foi para os jardins, ao redor do palácio, preparou a terra e as semeou. Os dois anos se passaram, o pai voltou e quis ver as sementes. Quando o primeiro filho abriu o cofre, as suas sementes estavam secas. O pai lhe disse que, agora, elas eram inúteis. O segundo filho chegou com outras sementes iguais as recebidas, mas o pai lhe disse que, dessa forma, não tinha conseguido nada de novo. O terceiro filho levou o pai para os jardins, onde centenas de plantas cresciam, cheias de flores e perfumes. “Estas são as sementes que o senhor meu pai me deu”, disse o terceiro filho. O pai não teve dúvida e, feliz, respondeu: “E tu, meu filho, serás o meu sucessor”.

No segundo domingo de Páscoa, a leitura do evangelho de João nos apresenta sempre a segunda aparição pós-pascal de Jesus ressuscitado. O apóstolo Tomé estava ausente na primeira aparição e duvidou daquilo que os demais afirmavam: tinham visto o Senhor! Quando, porém, na segunda aparição, Jesus convida Tomé a reconhecê-lo e a colocar os seus dedos nas feridas – sinais da paixão -, o apóstolo faz uma maravilhosa profissão de fé e o proclama: “Meu Senhor e meu Deus”. A fé da primeira comunidade está se consolidando. Jesus não é mais só “o Crucificado” e que, em vida, fez tantos “sinais”. Agora ele é reconhecido como a manifestação, sempre prometida, mas nunca, antes, imaginada do próprio Deus. A luz da fé começa a iluminar o mistério do amor insondável com a humanidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. No entanto, o que fazer desta fé, desta luz? A que serve acreditar? Vale a pena? A comparação com as sementes é sempre útil para entendermos o que podemos fazer com o dom da fé.

Existem cristãos que se consideram os tais, porque chegaram a organizar uma explicação lógica e inabalável de algumas verdades indiscutíveis. Decoraram o “Credo” e o guardaram a sete chaves. Nunca mais questionaram a própria fé, nunca mais se perguntaram o porquê de tudo aquilo. São os cristãos do “já sei”. Receberam dos seus pais o pacote e o guardaram. Talvez nem chegaram a abri-lo para ver o que tinha dentro. Nem olham mais, por medo de serem incomodados nas “suas” verdades tão seguras.

Outros acham que todas as crenças, mais ou menos, são iguais. Podem ser trocadas, negociadas, misturadas, esquecidas. Pior seria não acreditar em nenhum Deus. Depois, como seria este Deus, se é o verdadeiro ou se é o fruto da própria imaginação ou conveniência, pouco importa. Na hora da precisão, numa festa ou num enterro, algum “deus” aparece para ser invocado. E algum “ministro” para falar dele também.

Por fim, tem os cristãos que querem viver a própria fé. Quando tem dúvidas, quando estão para esquecer, procuram os irmãos. Não se afastam da comunidade. Querem saber, entender. Questionam, buscam, alimentam, corrigem, renovam o que pensam e gostam de acreditar. Sabem que o Deus verdadeiro não cabe nos raciocínios e nas explicações da inteligência humana. Ele será sempre maior e surpreendente na sua bondade. Já descobriram que para conhecer o amor precisa arriscar a amar. Para entender a compaixão e a misericórdia, é necessário saber ser solidários e saber perdoar. Já descobriram que Deus está mais perto dos corações humildes. Ele se deixa encontrar por aqueles que levantam as mãos em oração e que pedem perdão por suas faltas. O terceiro filho cuidou bem das sementes? Ofereceu os frutos delas. Tomé perdeu o orgulho, mas ganhou a fé.

Por: Dom Pedro José Conti – Bispo de Macapá

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