O espelho de Deus

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A missão parecia impossível, mas seu desejo de encontrar o espelho era tão grande que o discípulo se pôs a caminho. Andou por vales e montanhas, conheceu novas terras, mas, todos aqueles a quem indagava a respeito do espelho, nada sabiam.
Houve uma época em que as pessoas podiam ver a Deus através de um espelho, conhecido como “Espelho de Deus”. Porém, com o tempo, esse espelho ficou esquecido.

– Meu discípulo – pediu-lhe o mestre – sua missão é encontra-lo e trazê-lo para mim.

– Mas como poderei fazer isto? – perguntou o jovem.

– Você o descobrirá quando estiver a caminho.

A missão parecia impossível, mas seu desejo de encontrar o espelho era tão grande que o discípulo se pôs a caminho. Andou por vales e montanhas, conheceu novas terras, mas, todos aqueles a quem indagava a respeito do espelho, nada sabiam. Um dia, já cansado, retornou ao seu povoado e foi ter com o mestre.

– Então você me trouxe o espelho?

– Sim, mestre! – Os demais discípulos olharam-no, curiosos, pois nada trazia consigo. – Em minhas caminhadas encontrei muitas pessoas que acreditam em seus sonhos, na amizade, na paz, no amor. Pessoas que vivem os ensinamentos do Mestre Jesus e que, mesmo sem muitas posses, irradiam esperanças de seus corações. Mestre, eu compreendi que o Espelho de Deus somos nós!

– Muito bem, você descobriu uma grande verdade: nós todos podemos ser o Espelho de Deus! Ele se manifesta, a cada dia, através de nossos atos, de nossa vida.

O evangelho de João é mesmo diferente dos outros. Jesus revela muitas coisas de si a pessoas, digamos, fora do comum, ou se preferem – e esta talvez seja a verdade – escolhidas como representantes de grupos destinatários do evangelho. É o caso de Nicodemos, que encontramos neste domingo, da samaritana, do cego de nascença, dos “gregos” que encontraremos no próximo domingo. Nicodemos é um fariseu, chefe dos judeus, que visita Jesus de noite. Ainda está escuro, mas a luz está chegando! É evidente que ele representa a situação antes de Jesus, o antigo conjunto de crenças, ritos e normas que devem mudar. A escuridão da noite deve deixar lugar à luz do dia., Jesus diz a Nicodemos que para mudar algo da sua vida, ele e todos nós, devemos “renascer do alto”, através da água e do Espírito. O evangelho deste domingo é a continuação daquele diálogo revelador, no mesmo capítulo. A novidade agora é a pessoa de Jesus, falando e agindo como a Palavra de Deus feita carne. Quem o encontra deve tomar uma decisão definitiva. Por isso, a página do evangelho deste domingo está cheia dos contrastes típicos do evangelista João: vida e morte, crer e não crer, luz e trevas, condenar e salvar, bem e mal. Para o evangelista João parece que tudo seja preto ou branco, não tem meias cores, meios tons. Não têm cinzas. Não tem meias verdade ou meias mentiras. Porque a luz não pode conviver com a escuridão! Deve resplandecer de vez. Esse é o sentido das palavras enigmáticas de Jesus. Se o Filho veio para salvar e não para condenar, por que ele ainda fala em condenação? Com efeito, em Jo 3,18 lemos: “Quem não crê já está condenado”. Esta não é uma contradição, mas uma revelação.

O evangelista quer nos dizer que não tem outro caminho de salvação a não ser a pessoa de Jesus. Chegou a hora da decisão, quem quer ser salvo, entrar e participar da vida plena, deve crer nele. Confiar de vez. Não é Deus – e nem Jesus – quem condenará ou afastará alguém; cada um de nós escolhe a quem seguir em sua vida. Jesus respeita a nossa liberdade, ele se propõe como luz, vida, salvação. “A luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz” (Jo 3, 19). Essas são palavras de grande responsabilidade para nós cristãos. Quem diz crer em Jesus deve ser luz, cada vez mais, luminosa e clara. Em primeiro lugar, devemos fazer isso para nós mesmos, tirando, aos poucos, as contradições, as incertezas, a escuridão que confunde os caminhos do bem e do mal. Ao mesmo tempo, porém, somos enviados a ser luz do mundo e sal da terra: “espelhos de Deus”. Na escuridão o espelho não reflete nada, é um simples pedaço de vidro, mas com a luz, dá para distinguir figuras, pessoas, situações. A “luz” do bem denuncia o mal. Tudo é questão de luz. Tudo é questão de escolha.

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