Alegria e Tristeza

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Numa pequena vila, um camponês juntou tanta riqueza que podia dizer que era o mais rico de todos. Comprou um jumento e decidiu fazer uma viagem. Chegou numa vila maior e viu uma casa muito mais bonita do que a sua.

– De quem é? – perguntou.

– Do homem mais rico do lugar – foi a resposta.

O agricultou voltou para a sua vila, trabalhou mais ainda e conseguiu construir uma casa bonita como aquela que tinha visto na vila grande. Desta vez, comprou um cavalo e uma carroça e se mandou para a cidade. Havia lá centenas de casas bonitas como a sua e dezenas mais bonitas ainda. Nada, porém, era comparável ao palácio do rei. O homem percebeu que não tinha como competir com tamanha riqueza. Voltou para casa, triste e abatido. No caminho, a roda da carroça quebrou, o cavalo morreu e ao camponês só restou voltar de pé. A noite escura chegou e ele viu a pequena luz de uma choupana. Era a morada de um santo eremita. Quando entrou, o camponês reparou a extrema pobreza do lugar e perguntou ao eremita:

– Como consegues viver numa casa tão miserável?

– Dou o meu jeito – respondeu o santo e, encarando o agricultor, disse:

– Pelos teus olhos, tu não estás feliz. Por quê? Talvez o busques algo que não existe.

– Eu vi a riqueza – respondeu o camponês – ela existe sim.

Então o pobre eremita disse:

– Já reparaste os vagalumes dos campos? Querem competir com as estrelas, mas a vaidade deles desaparece quando as estrelas começam a brilhar. As estrelas também pensam iluminar o céu, mas quando desponta a lua, a luz delas enfraquece. A lua, também, tem a ilusão de clarear o mundo, mas quando nasce o sol quase não se percebe mais que ela ainda está no céu. Se todos aqueles que se orgulham das suas riquezas meditassem sobre essas coisas simples encontrariam, novamente, o sorriso que perderam.

O camponês sorriu, mas ainda tinha uma sombra de tristeza em seu rosto. Novamente, o eremita falou:

– Sabe que comparado comigo, tu és rei.

– Não vamos exagerar, é verdade que tenho uma casa mais bonita, algum dinheiro guardado…

– Não é disso que eu falo – disse o eremita e aproximou a lamparina ao seu pobre corpo: ele não tinha pernas.

Então o agricultor que devia sorrir, chorou.

Uma história simples e tocante. Serve para nos perguntar com quais critérios medimos as coisas e as circunstâncias da vida. Se formos guiados pela ambição com certeza nunca ficaremos satisfeitos e nem felizes. A busca da vida eterna poderia ser uma boa maneira para nortear a nossa vida e, por consequência, também a administração dos nossos bens. Mas o que fazer para ter a garantia de chegar lá? É a mesma pergunta que um homem bom fez a Jesus, como lemos no evangelho deste domingo. A primeira resposta de Jesus é que deveria bastar seguir os mandamentos da Lei de Deus. É o que quase todo mundo pensava e pensa ainda hoje: se não faço nada de mal, pratico os mandamentos, cumpro as minhas obrigações, terei direito a ganhar a vida eterna. No fundo seria uma espécie de troca: a nossa lisura de um lado e a promessa de Deus do outro. Se nós não falhamos, Deus também não pode decepcionar, será obrigado a nos dar o que merecemos. Para Jesus, porém, àquele homem faltava ainda uma coisa, uma só, mas decisiva. Devia se desfazer de todos os seus bens, doá-los aos pobres e depois segui-lo. Ele não aceitou. Escolheu ficar com todas as suas riquezas e ganhou, a mais, a tristeza em seu coração.

Ainda hoje, e talvez sempre seja assim, as riquezas e os bens materiais são muito cobiçados, ao ponto de fazê-los coincidir com o sonho da nossa felicidade. A vida eterna parece tão longe que perdeu valor. Para maior segurança, no entanto, é melhor cumprir algumas obrigações, nem que seja reclamando e achando Deus exigente e chato demais por se meter em nossa vida. Continua faltando a única coisa que, por si mesma, garante a vida eterna: o amor a Deus. Enquanto pensarmos que ser cristão significa somente obedecer aos mandamentos – também se divinos – o nosso coração estará longe de Deus e a vida eterna parecerá um direito e não um dom generoso do Pai. Se conseguirmos escolher o amor a Deus – e ao próximo – como nossa única e verdadeira riqueza, serão os bens materiais a perder valor; poderemos deixá-los – ou administrá-los – sem sermos dominados por eles. Seria a vida eterna, divina e verdadeira, começando aqui e agora.

No dia do Círio, olhamos a Maria, Nossa Senhora, feliz e bendita porque acreditou. Pedimos que ela interceda por nós para que possamos também ser felizes, buscando a única riqueza que nunca perde valor: a alegria de seguir o Senhor no caminho do amor. Com pernas ou sem pernas, mas jamais tristes e infelizes!

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